“Pelo ranger da carruagem desgovernada, a oposição nem precisa perder muito tempo com CPIs e pareceres para detonar o impeachment da presidente da República, que continua recolhida e calada em seus palácios, sem mostrar qualquer reação”, critica Ricardo Kotscho, um dos jornalistas mais premiados do país, com passagem por alguma das principais redações da imprensa brasileira.
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O colunista vê Dilma “isolada, atônita, encurralada, sem rumo e sem base parlamentar sólida nem apoio social”, lembra que sua liderança é contestada até dentro de seu partido. “Como estará se sentindo neste momento a cidadã Dilma Rousseff, que faz apenas três meses foi reeleita presidente por mais quatro anos?”
O jornalista critica Dilma por ter postergado diversas vezes a definição de uma solução para a crise na Petrobras desde que a Operação Lava Jato estourou há quase um ano. Para ele, a nona fase da operação, deflagrada nesta quinta-feira, complica a situação da presidente. Enquanto resistia a trocar o comando da companhia, observa Ricardo Koscho, Dilma dedicava seu tempo à campanha de reeleição e à montagem do novo ministério. “Agora, tem apenas 24 horas para encontrar uma saída, antes da reunião do Conselho de Administração, que precisa nomear a nova diretoria amanhã para não deixar a empresa acéfala”, afirma, referindo-se à eleição da nova diretoria da estatal, prevista para esta sexta-feira.
Eleitor declarado de Dilma e Lula, Kotscho cobra mudança radical de comportamento da presidente. “É preciso que Dilma caia nesta realidade e mude radicalmente sua forma de governar, buscando e não arrostando apoios, ouvindo pessoas fora do seu núcleo palaciano, como prometeu no discurso da vitória, antes que seja tarde demais”, advertiu.
Kotscho lembra ainda que está marcada para esta sexta-feira, em Belo Horizonte, a abertura das comemorações dos 35 anos da fundação do Partido dos Trabalhadores. Na festividade, Lula e Dilma devem ter um encontro reservado. “Cada vez mais distantes nos últimos meses, o que um terá para falar ao outro? Pode ser que a conversa comece com esta pergunta, que todos os petistas estão se fazendo: ‘Pois é, chegamos até aqui. E agora, camarada?’”
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