O Congresso deve fazer a sua parte. Essa foi a orientação do presidente Lula, repassada hoje (6) por membros da coordenação política, após a reunião que serviu para debater, prioritariamente, os efeitos da crise econômica dos Estados Unidos. Segundo o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), Lula exortou parlamentares a votar matérias com implicação direta nas questões econômicas do país.
“Nós temos de fazer tudo aquilo que está sob a nossa governabilidade, digamos assim”, declarou Fontana, para quem o Parlamento pode ser crucial para amenizar os efeitos da crise no médio prazo.”O Congresso tem condições de votar matérias que interferem na economia. Tudo o que o cidadão quer é ver a economia crescendo, o ritmo de crescimento aumentando”, completou, lembrando que projetos como o da reforma tributária e o que cria o Fundo Soberano Nacional estão entre as prioridades.
Após cerca de duas horas de reunião, foi anunciada a edição de uma medida provisória com uma série de medidas para blindar a economia brasileira diante da crise dos EUA. Hoje (6), a turbulência econômica mundial levou a Bovespa ao maior índice negativo da história: 15%. Entretanto, os operadores da Bolsa lançaram mão de dois circuit breaks (interrupção providencial das atividades para contenção de especulações) no transcorrer do pregão desta segunda-feira, o que fez com que a queda fechasse o dia em -5,43% (leia).
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Segundo Fontana, a avaliação do governo é que o esforço diário dos parlamentares pode fortalecer o sistema financeiro nacional. Para isso, o entendimento em torno de matérias com viés econômico será buscado com os partidos de oposição. "Nosso trabalho independe da decisão do Banco Central Europeu, de instituições financeiras internacionais. O Brasil torce para crescer mais", enfatizou Fontana, para quem a aprovação da reforma tributária, um dos itens prioritários para o Executivo, pode promover melhorias de ordem econômica.
"O apelo que foi feito é na direção de não se politizar o assunto [da crise econômica], uma vez que é uma questão de interesse nacional", ponderou o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE).
Preocupação eleitoral
Diante da importância da situação econômica, a repercussão das eleições foi posta em segundo plano pelo conselho político, segundo a assessoria de imprensa do ministro José Múcio (Relações Institucionais). Aliás, esse foi o motivo pelo qual Múcio não falou aos jornalistas após a reunião.
“A reunião foi muito técnica, muito restrita à área econômica. O ministro disse que não falaria sobre o assunto, e que os ministros [Guido Mantega, da Fazenda, e Paulo Bernardo, do Planejamento] já se pronunciaram”, informou a assessoria de Múcio. “O tema das eleições e o viés político da crise econômica serão aprofundados na próxima reunião do conselho político.”
Segundo Maurício Rands, durante a reunião Lula fez apenas um breve comentário sobre as eleições, dizendo que PSDB, DEM e PPS, legendas de oposição ao governo, deveriam se preocupar com o resultado das urnas. "Esses partidos perderam prefeituras em grande número. Já os partidos da base estão satisfeitos", disse o deputado pernambucano.
No próximo domingo (12), o presidente Lula parte em viagem oficial, e deverá passar boa parte da próxima semana envolvido em compromissos na Espanha, Índia e Moçambique. Só depois disso, informa a assessoria da presidência da República, a coordenação política volta a se reunir para debater os desdobramentos das eleições municipais e a resposta do Congresso à crise econômica dos EUA. (Fábio Góis)
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Atualizada às 23:27.
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