Indicado hoje (11) pelo PMDB para a sucessão de Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Garibaldi Alves (RN) relatou, entre 2005 e 2006, a CPI que acabou derrubando o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Na época, o peemedebista foi acusado pelo governo de dar palanque para a oposição e ampliar a crise detonada pelo escândalo do mensalão.
Agora, com o apoio do Palácio do Planalto, Garibaldi assume um discurso conciliador para suceder Renan Calheiros (PMDB-AL) no comando do Congresso. "Eu posso não ter os méritos do Simon, mas acredito que me escolheram porque eu tenho uma postura mais conciliatória", afirmou ao Congresso em Foco, ao justificar sua vitória sobre o senador gaúcho Pedro Simon (leia mais).
Tradição política
Natural de Natal, aos 60 anos, o candidato exerce, desde 2003, o seu segundo mandato no Senado. Jornalista e bacharel em Direito (UFRN, 1972), Garibaldi foi deputado estadual por quatro vezes (1971/1985), prefeito da capital potiguar (1986/1988), e duas vezes governador do Rio Grande do Norte (1995/2003).
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É primo do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), deputado que está em seu décimo mandato consecutivo. A família Alves controla o principal grupo de comunicação do Rio Grande do Norte.
Na campanha eleitoral de 2002, quando se elegeu para o atual mandato, Garibaldi Alves declarou à Justiça eleitoral gastos de R$ 835,33 mil. É filiado ao PMDB (antes, MDB) desde o início de sua carreira política.
Fim do mundo
Apelidada pelos governistas de “CPI do Fim do Mundo”, por causa da abertura do leque de suas investigações, a CPI dos Bingos pediu o indiciamento de 79 pessoas. Entre elas, o próprio Palocci, o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso e o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto.
Criada para apurar o primeiro escândalo do governo Lula – a denúncia de que o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz havia cobrado propina de um empresário do ramo de jogos quando ocupava outro cargo –, a comissão investigou desde o assassinato de dois prefeitos do PT até denúncias de irregularidades na prefeitura de Ribeirão Preto.
"República de Ribeirão"
A CPI investigou ainda a denúncia de que dinheiro enviado ilegalmente de Cuba para o país teria financiado a campanha eleitoral de Lula, em 2002. Em depoimento à comissão, em março de 2006, o caseiro Francenildo Costa contestou a declaração dada dias antes por Palocci ao colegiado de que não freqüentava uma mansão alugada em Brasília por lobistas para fechar negócios escusos e promover festas com prostitutas.
A casa, localizada em área nobre de Brasília, foi batizada pela oposição como “República de Ribeirão Preto”, por ter sido alugada por ex-assessores de Palocci na prefeitura do município paulista.
O episódio detonou outro escândalo quando o caseiro teve o seu sigilo bancário quebrado ilegalmente e divulgado pela revista Época. Suspeito de ter ordenado o vazamento da informação, Palocci acabou pedindo demissão do cargo no final de março de 2006. O ex-ministro voltou à cena política no final do ano, quando se elegeu deputado federal por São Paulo. (Edson Sardinha)
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