Dois dias depois de isentar o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) de envolvimento com a máfia das ambulâncias, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), sub-relator da CPI dos Sanguessugas, voltou atrás em sua posição e anunciou que, agora, vai "responsabilizar politicamente" o tucano. Segundo Gabeira, Antero transferiu para o deputado Lino Rossi (PP-MT), a atribuição pela indicação dos municípios que deveriam ser contemplados com recursos da emenda de bancada número 36901. O dinheiro destinava-se à compra de ambulâncias por várias prefeituras.
A revelação é feita pelo repórter Leonel Rocha, na edição de hoje (15) do Correio Braziliense. Gabeira está concluindo um relatório sobre a participação de Antero no esquema, que previa a apresentação de emendas para a compra de ambulâncias que seriam vendidas às prefeituras pelos empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin, donos do Grupo Planam, suposto pivô da máfia dos sanguessugas.
"A responsabilidade política do senador Antero é clara. A bancada tucana entregou ao sócio informal da Planam no Congresso, que era o Lino Rossi, o poder de decidir sobre as emendas para a compra de ambulâncias", disse o deputado. O sub-relator vai apresentar no dia 4 de outubro ao plenário da CPI dos Sanguessugas um parecer sobre a situação do tucano. "É difícil acreditar que Antero desconhecesse as ligações do Lino Rossi com a Planam", afirmou.
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O entendimento de Gabeira é que a transferência para Lino Rossi, em 9 de março de 2001, de toda a responsabilidade pelas emendas da bancada tucana promoveu " a arrancada da Planam como empresa". Em depoimento, os empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin afirmaram que o deputado Lino Rossi era o responsável pela arregimentação de colegas do Congresso para que apresentassem emendas ao Orçamento da União prevendo a compra das ambulâncias.
"O ofício da bancada tucana do Mato Grosso no Congresso é assinado por dois senadores – Carlos Bezerra e o próprio Antero – e sete deputados: Pedro Henry, Ricarte de Freitas, Wilson Santos, Celcita Pinheiro, Murilo Domingos, Teté Bezerra e o próprio Lino Rossi, No ofício também aparece o nome do deputado Welington Fagundes, acusado pela CPI dos Sanguessugas, mas sem a assinatura. O nome do senador Jonas Pinheiro também aparece sem assinatura", diz o Correio.
Gabeira, porém, descartou responsabilizar o senador Antero pelo recebimento de propina que teria sido paga pela Planam. Os empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin declararam na CPI dos Sanguessugas e em depoimento à Justiça, que pagaram R$ 40 mil de propina para o senador tucano. O dinheiro, de acordo com os donos da Planam, teria sido entregue ao deputado Lino Rossi para que fosse repassado a Antero. Rossi negou o repasse em comunicado enviado à CPI. Antero diz que nunca recebeu dinheiro.
Duas semanas atrás, o senador tucano disse que tinha cancelado todas as suas emendas para a compra de ambulâncias. Chegou a apresentar um documento em que pede o cancelamento da execução das emendas em razão do contingenciamento no Orçamento adotado pelo Executivo em 2001. Mas depois admitiu que uma emenda destinando R$ 80 mil ao município de Nossa Senhora do Livramento – que comprou uma ambulância do grupo Planam.
O senador Antero Paes de Barros estava ontem em uma aldeia Xavante no interior do Mato Grosso, segundo sua assessoria, e não comentou a decisão de Gabeira de responsabilizá-lo por ter favorecido a Planam, segundo o Correio.
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