As prisões dos dirigentes da Federação Internacional de Futebol (Fifa) poderão acabar com o cenário de impunidade no futebol no Brasil, disse hoje (27) o senador Alvaro Dias (PSDB-PR). Ele acredita, inclusive, que as investigações chegarão “inevitavelmente” a Ricardo Teixeira, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
“Acho que agora há estímulo para que os expedientes iniciados aqui, que não tiveram continuidade possam [andar]. O futebol brasileiro parece que é colocado acima do bem e do mal, acima da legislação. Isso promove esse cenário de impunidade”, diz Dias. O senador foi presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Futebol, em 2001, responsável pelo indiciamento de 17 “cartolas do futebol”, como define o senador.
Entre eles, Ricardo Teixeira. “É inevitável chegar a ele. O próprio Marco Polo del Nero[presidente da CBF] disse que os contratos foram celebrados antes de Marin. Ricardo Teixeira tem envolvimento de mais tempo. As ações que tramitam na Justiça federal foram sempre trancadas, por isso não se chegou a um julgamento”, diz.
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O ex-presidente da CBF José Maria Marin está entre os presos pela polícia da Suíça. Além dele, seis dirigentes da Fifa foram presos em Zurique. Para Dias, é “difícil” que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, não esteja ciente do esquema de corrupção na entidade, “porque, quando quem comanda não está inserido nesse contexto, fica difícil fazer tudo o que fizeram nesses anos”, especulou.
O relatório final da CPI do Futebol é citado no livro do jornalista britânico Andrew Jennings, com denúncias sobre os cartolas do futebol. Para o senador, tanto o livro quanto o relatório contribuiram com provas para as prisões.
Os dirigentes foram indiciados por extorsão e corrupção pela procuradoria de Nova York, que investiga o caso. Segundo o Departamento de Justiça norte-americano, 14 réus, entre eles os dirigentes da Fifa presos, são acusados de extorsão, fraude e lavagem de dinheiro em “um esquema de 24 anos de enriquecimento por meio da corrupção no futebol”.
Algumas das questões foram levantadas pela CPI há 15 anos, segundo Dias. “Se tivéssemos tido providências efetivas na época, teríamos evitado desvios como os que ocorreram nesses anos todos”, diz ele, e acrescenta que o esquema de corrupção “é a principal causa da decadência do futebol brasileiro. Se tivessem sido tomadas providências, não teríamos esse descaminho, o futebol brasileiro foi jogado no fundo do poço depois da Copa, e não foi feito mais nada”. Para Dias, a Copa do Brasil, no ano passado, também pode estar incluída no esquema de corrupção.
O senador diz que apoiará outros senadores que propuserem uma CPI, mas que não vai requerer a abertura de uma. Ele focará a atenção na aprovação do projeto de lei 221/2014 do Senado, que estabelece uma política e instrumentos de fiscalização da CBF, que passaria a ter que apresentar, anualmente, as contas ao Tribunal de Contas da União, entre outras medidas. O senador explica que a entidade pode ser alvo de fiscalização, por administrar dinheiro público, direta ou indiretamente, e por ser a seleção brasileira a principal fonte de recursos.
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