Gravações feitas pela Polícia Federal na investigação da Operação Furacão indicam que uma juíza do Rio de Janeiro recebia dinheiro da máfia dos caça-níqueis. De acordo com o telejornal Bom Dia Brasil, a juíza Sonia Machado, titular da Vara de Família de São Gonçalo (RJ), recebia dinheiro do esquema por meio de um policial civil.
Quem falaria com a juíza, conforme apontam as investigações da Polícia Federal, era o policial Marcos Bretas, conhecido como Marcão, um dos principais articuladores da quadrilha. Em uma conversa gravada pela PF, ela liga para cobrá-lo.
"Pra sábado, hoje eu vou saber", diz Marcão. "Ah, então tá. Então depois você me diz porque eu quero ver se pinta alguma ‘coisica’ aí pra eu chegar mais perto dos meus dez mil faltantes", responde a juíza.
No dia seguinte, Marcão fala com outra pessoa, identificada apenas como Francisco: "Me diga uma coisa, o cara lá da doutora ligou?", pergunta. "Já ligou. Já ligou, entendeu?", afirma Francisco. "Ela está indócil. Falou com ele hoje?", pergunta Marcão. "Falei, falei também. Tá tranqüilo", responde a voz do outro lado da linha.
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Um dia depois, a juíza volta a falar ao telefone com Marcão. "E aí? Soube de alguma coisa? Existe alguma possibilidade de eu arrumar esse empréstimo?", pergunta. "É, acredito eu… do tio Chico?". "É, empréstimo sem devolução", ela diz. "Tio Chico falou que sim", afirma Marcão.
A juíza Sonia Machado, por meio da assessoria do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, negou que tenha aceitado propina e disse que nunca tomou decisão a favor da máfia dos caça-níqueis. Mas, de acordo com as investigações da PF, a juíza recebia dinheiro do grupo todo mês. A polícia quer saber agora como era exatamente a atuação dela no esquema. (Carol Ferrare)
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