Único alvo da Operação Hurricane (furacão, em inglês), da Polícia Federal, em São Paulo, o advogado Oscar Camargo Costa Filho é acusado de se aproveitar da amizade com delegados da PF para liberar máquinas caça-níqueis apreendidas. Costa Filho é delegado aposentado da PF e ocupou o segundo cargo mais importante na hierarquia do órgão durante o governo Collor (PTB-AL), na época em que o senador Romeu Tuma (DEM-SP) dirigia a instituição.
Ao jornal Folha de S. Paulo, a assessoria de Tuma confirmou que o advogado assessorou o senador na PF, mas diz que Romeu Tuma não teve qualquer papel em sua escolha para o cargo. Costa Filho teria subido na hierarquia do órgão depois de ser superintendente em Alagoas, quando tornou-se amigo de Collor. O advogado também foi superintendente no Espírito Santo e no Distrito Federal.
Ainda segundo a Folha, há, contra Costa Filho, suspeitas de prática de irregularidades quando ele era o segundo homem da PF e também quando foi superintendente no Espírito Santo. Em 1991, ele foi acusado de tentar livrar os doleiros Habib Salim El Chater e seu filho Carlos Salim de um flagrante. O senador Romeu Tuma foi padrinho de casamento de uma filha de Habib. No ES, o delegado teria se alinhado, no final dos anos 80, com o crime organizado. Oscar Camargo Costa Filho nega todas as acusações.
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Mais prisões
Iniciada na madrugada da sexta-feira (13), a Operação Hurricane terá uma segunda etapa. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a Polícia Federal e o Ministério Público vão cumprir mais ordens de prisão e mandados de busca e apreensão já expedidos pela Justiça. A nova rodada de prisões deve atingir mais advogados e políticos vinculados à máfia do jogo ilegal.
Para ganhar tempo, a PF pretende protocolar hoje no Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de prorrogação por mais cinco dias da prisão temporária de todos os acusados. O prazo das prisões temporárias vence às 6h da manhã de quarta-feira, mas os delegados ainda não conseguiram interrogar todos os presos. O STF aguarda parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) para decidir sobre um pedido de relaxamento da prisão de três dos acusados.
Para a policia, há o risco de, em liberdade, os envolvidos tentarem intimidar testemunhas, ocultar provas e destruir documentos. Alguns dos detidos optaram por colaborar com as investigações, mas a maior parte negou-se a depor alegando que não tinha conhecimento das acusações.
Na fase inicial da operação, a PF prendeu delegados federais, juízes e desembargadores suspeitos de vender decisões judiciais em benefício de bicheiros e controladores de bingos. Entre eles, os desembargadores José Eduardo Alvim e Ricardo Regueira, do TRF do Rio de Janeiro. Outro alvo dos agentes foi a cúpula do jogo do bicho no Rio. As ordens de prisão foram expedidas pelo STF, a pedido da PGR. O inquérito corre em segredo de Justiça. (Carol Ferrare)
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