O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), parece ter jogado a toalha na corrida às eleições que poderiam reconduzi-lo ao posto, no dia 2 de fevereiro. Depois da visita feita ontem à noite ao presidente Lula, no Palácio do Planalto, pelo colega de partido José Sarney (AP), provável candidato peemedebista ao comando da Casa, Garibaldi disse estar “frustrado” com a situação. Tudo indica que a saída oficial do senador da disputa é questão de tempo – ele já admite deixar a candidatura em favor de Sarney.
Mas Garibaldi vai esperar a decisão oficial da bancada do PMDB no Senado, que se reunirá na próxima quarta-feira (28) para definir a situação. O senador diz que Sarney, que já admite aceitar a indicação do partido para presidir a Casa, deve antes “passar pela bancada”. “Eu também tenho que dar satisfação [aos colegas de partido]”, abreviou o peemedebista ao Congresso em Foco, garantindo não haver mal-estar entre ele e Sarney.
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“Não vou ser hipócrita, eu me sinto um pouco frustrado pelo fato de não poder continuar o trabalho que vinha fazendo, no curto espaço de tempo em que fiquei na Presidência”, disse o senador potiguar, que exercia um “mandato-tampão” desde dezembro de 2007 para preencher a vaga deixada por Renan Calheiros (PMDB-AL), que renunciou ao posto para escapar de um processo de cassação (leia).
O atual presidente do Senado disse que a candidatura de Sarney “deve prevalecer” como consenso, e que deixar a disputa significaria salvaguardar a legenda. “Não quero expor a bancada ao menor risco.” Segundo Garibaldi, as chances do PMDB com Sarney são maiores, e o ex-presidente da República deve sair vitorioso do embate com Tião Viana (AC). “Acho que sim, apesar de Tião ser um bom candidato.”
Garibaldi disse ainda que, se não houvesse definição de Sarney como candidato – ele que vinha descartando disputar presidir o Senado pela terceira vez e até apoiava a candidatura de Garibaldi –, o partido enfrentaria uma eventual contestação jurídica de seu pleito. Partidos como o PT já manifestaram a intenção de recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra a possibilidade de reeleição de Garibaldi, sob o argumento de que isso é vetado na mesma legislatura, como reza a Constituição. Com Sarney, de acordo com Garibaldi, só há o “risco político da disputa”.
Oposição
O lançamento não-oficial de Sarney à corrida eleitoral joga no colo da oposição um protagonismo inusitado. São os senadores oposicionistas que, de acordo com as circunstâncias pré-eleitorais (leia-se negociações por cargos da Mesa Diretora e comissões temáticas), podem decidir a fatura. Ao Congresso em Foco, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que o partido não quer perder os cargos que ocupa na Mesa e nas comissões.
“A bancada do PSDB vai estar unida na eleição. O partido quer manter o espaço que conseguiu”, disse o parlamentar amazonense.
A reportagem apurou que Sarney tem amealhado apoio entre os membros da oposição – especialmente o DEM, cujo líder José Agripino (RN) trava disputa pessoal, em nível regional, contra Garibaldi Alves – ambos seriam candidatos naturais ao governo do Rio Grande do Norte na próxima gestão. Com Sarney oficialmente na disputa, e a provável saída de Garibaldi, os significativos holofotes da presidência do Senado não estariam sobre o adversário político de Agripino, que sairia em vantagem no pleito ao governo do estado.
Hoje (20), o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) anunciou que seu partido apoiará o candidato do PMDB, seja qual for, por respeitar o princípio da proporcionalidade – segundo o qual a legenda com o maior número de representantes deve ter a primazia na indicação da presidência, tanto no Senado quanto na Câmara.
Além do DEM, o PSDB também deve se alinhar ao PMDB na disputa. Contudo, embora diga considerar Sarney o mais influente senador em atividade, Virgílio avisou que ele só terá o apoio de sua bancada se não for apenas um “delegado de Lula” no Parlamento. “É preciso escolher alguém que seja presidente do Congresso, e não um delegado a serviço do Lula. Se ele [Sarney]” quiser ser um delegado do Lula, não vai ter nosso apoio.”
A princípio, Sarney queria ser aclamado não só pelo partido, mas pela totalidade dos pares, em candidatura única. Mas, diante da impossibilidade, e da possibilidade de amealhar os votos de PSDB e DEM (26 votos, 13 de cada legenda), animou-se a concorrer ao pleito. Com os 20 votos do PMDB, Sarney acredita que vencerá facilmente a queda-de-braço com Tião, que tem o apoio de cinco partidos, além do PT (PDT, PSB, PRB, PR e Psol) – o que o asseguraria apenas 25 votos dos 81 senadores. Sarney, com as supostas 46 adesões, sabe que bastam 41 votos para a vitória.
Por seu turno, Tião Viana também acredita que vai obter o voto de quatro peemedebistas (e tentar obter os sete votos do PTB): Pedro Simon (RS), Jarbas Vasconcelos (PE) – dois opositores figadais de Sarney, a quem julgam alinhado aos interesses do Planalto –, Gerson Camata (ES) e Paulo Duque (RJ). Apesar das declarações de Virgílio, seis tucanos (dos 13 que formam a bancada) estão na iminência de apoiar Tião: Eduardo Azeredo (MG), Tasso Jereissati (CE), Flexa Ribeiro (PA), Lúcia Vânia (GO), Marisa Serrano (MS) e Mário Couto (PA).
A reportagem tentou falar com Tião Viana, mas ele não respondeu às ligações. Já a assessoria de imprensa do petista informou que ele recebeu a possibilidade de candidatura de Sarney “com naturalidade”, e que vai para a disputa em plenário, sem hipótese de desistência. “A candidatura dele [Tião] continua solidificada por seis partidos, não tem recuo”, disse a assessoria, para a qual Tião não está ressentido com a suposta falta de apoio do Planalto. “Em absoluto, até pelo que foi dito, que a posição do Palácio do Planalto é de eqüidistância.”
Efeito Planalto
O Congresso em Foco apurou que Sarney levou à pauta do encontro de ontem com Lula a possibilidade de lançar sua candidatura à presidência do Senado, mesmo o PMDB já tendo lançado Gariba
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