O sub-relator de Movimentação Financeira da CPI dos Correios, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), defendeu hoje a apuração das denúncias de envolvimento de 55 dos 81 deputados do PMDB e do senador Romero Jucá (PMDB-RR) no esquema do mensalão. Segundo Fruet, as investigações devem ser aprofundadas mesmo que os trabalhos da CPI não sejam prorrogados. O prazo para a conclusão das atividades é 10 de abril. A expectativa é de que o relatório final seja entregue no próximo dia 21.
“Diante dos fatos novos, nós temos duas situações. A primeira: a CPMI vai ter que discutir se é o caso de pedir ou não uma nova prorrogação. A segunda é que será necessário tomar o depoimento do Marcos Valério e de Roberto Bertholdo (ex-assessor do deputado José Borba na liderança do PMDB), que foram citados em reportagem da revista Veja, para verificar se há ou não procedência nessas informações”, afirmou.
De acordo com a revista Veja, Marcos Valério teria avisado aos peemedebistas que pode revelar detalhes de como, nos primeiros meses de 2004, repassou dinheiro para que Borba pagasse o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, para falar bem do presidente Lula na TV. Ratinho fez uma longa entrevista com Lula durante um churrasco na Granja do Torto. O empresário também estaria ameaçando contar que Simone Vasconcelos, a diretora da agência de publicidade SMP&B, fazia pagamentos do mensalão também para deputados do PMDB. O pagamento da mesada, segundo a revista, teria sido feito a 55 dos 81 deputados do partido.
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“Nós estamos diante de dois extremos: de um lado, se não investigarmos, passaremos a impressão de contemporização; de outro lado, se investigarmos, nós poderemos chegar à conclusão de que o Marcos Valério não contribuiu com todas as investigações”, destacou. Fruet acredita que, caso essa hipótese seja comprovada, pode estar ocorrendo algum tipo de chantagem muito grave, o que poderá inclusive abrir outra frente de investigação.
Ainda segundo a reportagem, o intermediário do dinheiro para os peemedebistas seria o advogado paranaense Roberto Bertholdo, ex-conselheiro de Itaipu e do ex-líder do PMDB na Câmara, José Borba. O deputado renunciou em outubro do ano passado, após ter sido acusado de envolvimento com o esquema do mensalão. Ainda não há, no entanto, nenhuma prova documental sobre as denúncias contra os deputados peemedebistas.
Reportagem publicada ontem pelo Correio Braziliense sustenta que Roberto Jefferson Marques, ex-motorista do senador Romero Jucá, teria sacado R$ 50 mil a pedido do parlamentar. Em conversa com um amigo gravada em fita cassete, Roberto Marques conta que recebeu ordem de Jucá para ir à agência do banco, localizada em um shopping de Brasília, buscar o dinheiro.
O senador nega veementemente qualquer envolvimento no caso e acusa o ex-motorista de ter negociado a gravação publicada pela imprensa em troca de dinheiro. A intenção de Fruet é requisitar à Polícia Federal a cópia da fita acompanhada de laudo pericial que confirme a identidade do ex-motorista. Segundo o tucano, Jucá já fez contato com a CPI e se dispôs a prestar esclarecimentos.
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