Depois de mais de quatro horas, a primeira sessão da CPI do Apagão Aéreo rendeu poucas proposições concretas e muitos discursos. Vinte e cinco deputados falaram (são 24 titulares), a grande maioria sobre o roteiro de trabalho apresentado pelo relator, deputado Marco Maia (PT-RS).
O deputado tucano Gustavo Fruet (PR) alertou que, se as sessões continuarem no mesmo ritmo, a CPI corre o risco de se tornar cansativa e logo ser esvaziada. “Ela começa morna. O seu sucesso, no entanto, vai depender de um debate qualificado”, disse.
A oposição concordou com o cronograma dos trabalhos apresentados pelo relator, apesar de ter feito algumas ressalvas, principalmente quanto à convocação dos controladores de vôo, não prevista para o início dos trabalhos, e sobre as investigações na Infraero, empresa estatal que administra os aeroportos.
O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) pediu ainda que as investigações da CPI sejam acompanhadas por assessores do Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Ministério Público federal (MPF). O TCU, órgão ligado ao Legislativo, investiga atualmente supostas irregularidades na Infraero.
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Marco Maia pediu um tempo para conversar sobre o assunto com o presidente da CPI. Ele diz temer interferências na comissão parlamentar, mas reafirmou “a liberdade das investigações”. Maia também rebateu algumas críticas feitas por alguns parlamentares oposicionistas sobre o seu cronograma de trabalho, considerado muito “amarrado”.
“Ele não está amarrado. Teremos liberdade para debater e propor algumas mudanças”, afirmou. Por sua vez, Fruet também disse ser possível fazer alterações mediante a apresentação de requerimentos. Os deputados, contudo, saíram da sessão convictos de que precisarão de uma assessoria para os termos que serão investigados, pois consideram todo o sistema de controle aéreo complexo demais.
Trabalhos
Amanhã a CPI volta a se reunir no início da tarde, às 14h. Serão votados os requerimentos já apresentados, entre eles o do deputado Geraldo Thadeu (PPS-MG), que pede a convocação do astronauta brasileiro Marcos Pontes. A investigação começa pelo trágico acidente com o avião da Gol, em setembro do ano passado, quando morreram 154 pessoas.
Ficou decidido também que a comissão parlamentar vai seguir o ritmo de trabalho da Câmara, ou seja, vai haver sessão de terça a quinta-feira. Na terça, segundo afirmou o presidente Marcelo Castro (PMDB-PI), os trabalhos, a pedidos dos parlamentares do Norte e Nordeste, devem começar às 11h (o horário previsto era 10h), para dar tempo deles chegarem de seus respectivos estados.
Na quarta-feira, os trabalhos se iniciam às 14h, e na quinta, começará duas horas adiantadas, a partir das 9h. “É para compensar o tempo perdido na terça”, explicou Marcelo Castro. (Lucas Ferraz)
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