Lúcio Lambranho, enviado especial
Manágua (Nicarágua) – Las Manos e Guasale, as duas principais cidades na fronteira de Honduras com a Nicarágua ao sul do país, estão com as aduanas e com os serviços de imigração abertas e sem restrições para o trânsito de cargas e de pessoas. O fechamento da fronteira durou apenas 48 horas após o início da crise com a deposição do presidente hondurenho, Manuel Zelaya, no último dia 28.
Apesar da liberação, a espera nas duas cidades para entrar no país é de até 3 horas, segundo fontes do governo da Nicarágua. A demora faz parte do movimento normal, porém, os oficiais da fronteira dificultam a entrada dos nicaraguenses em Honduras. Há uma operação padrão para revisar todos os documentos e bagagens de todos os nicaraguenses.
O governo interino de Roberto Micheletti tenta com isso barrar ou diminuir o ingresso de partidários de Zelaya que vivem no país vizinho e de integrantes do governo sandinista de Daniel Ortega que poderiam engrossar as manifestações contra o golpe. É que a Nicarágua faz parte da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), comandada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chavez. Todos os países da Alba condenam o golpe, especialmente Venezuela que tem apoioado
Zelaya. No último domingo, o presidente deposto tentou voltar aos seu país em um avião do governo de Chavez (leia mais).
Ontem, segundo o jornal La Prensa de Manágua, Ortega proibibiu que o avião de Micheletti entrasse no espaço aéreo de seu país durante a viagem para Costa Rica. Zelaya foi para Costa Rica ontem para iniciar as negociações para tentar terminar com a crise. Os deputados da oposição à Ortega classificaram o ato como “políticamente tonto”. O governo interino de Honduras informou que a proibição já tinha sido dada um dia antes da ida de Micheletti para Costa Rica.
Intransigência
O secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, lamentou nesta sexta-feira (10) a “intransigência” das duas equipes de negociadores do presidente deposto e de Micheletti. Ontem (9), a reunião na Costa Rica entre as duas partes não chegou a nenhum acordo sobre a crise política. “Estava esperando uma certa abertura e de um caminho e eles deixaram um marco mais ou menos armado. Há uma falta de vontade de discutir as coisas”, disse Insulza.
O presidente da Costa Rica, Óscar Arias, nomeado mediador da crise pela OEA, informou que não deverá acontecer “uma solução a curto prazo” para que a situação seja resolvida em Honduras.
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