O jornalista Franklin Martins, 58 anos e confirmado como novo ministro responsável pela comunicação do governo Lula, garante: agora que mudou de lado e virou notícia, manterá imprensa e publicidade do governo em "guichês separados". Apesar do anúncio de que o presidente Lula decidiu adotar uma estrutura única para cuidar da publicidade institucional e do relacionamento com a imprensa, Martins assegura que divulgação e jornalismo seguirão independentes.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Frankilin constata que, mesmo quando tentam "puxar a sociedade pelo nariz para um lado e para o outro", as empresas de comunicação no Brasil são sérias e não aceitariam misturar publicidade e notícias. "Eu sou uma pessoa séria e não aceito misturar os guichês".
Questionado pelo jornalista Kenndy Alencar sobre a criação de uma TV do Executivo, anunciada recentemente pelo atual ministro, Hélio Costa, Frankilin Martins disse que "não cabe ao governo plantar, regar e colher veículos de comunicação simpáticos a ele". Mas, prega a necesidade de uma rede pública de TV funcionando fora da lógica comercial. O governo faria a indicação inicial de diretoria, mas sem partidarismo. "Senti na conversa com o presidente que é TV pública e não estatal. Plural e não partidária".
Sobre a militância política – Franklin lutou contra a ditadura militar e foi um dos líderes estudantis que planejou o seqüestro do embaixador americano Charles Elbick e exigiu como resgate a libertação de 15 presos políticos, entre eles o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT-SP) – o novo ministro tem certeza de que "lutou do lado certo". "Vivi na clandestinidade cinco anos e meio. Vivi cinco anos e meio no exílio. No entanto, não vivo mais na clandestinidade. Muita gente que torturou e matou é clandestina até hoje, até para a sua família. Naquela época, quem fizesse oposição ao regime estava sob o risco de ser preso, torturado e morto. Eram outras circunstâncias, circunstâncias de guerra".
Segundo a Folha, Franklin acumulará a função de secretário de imprensa com a de ministro até indicar um substituto para o cargo de porta-voz. O novo ministro convidou o jornalista Eugênio Bucci a permanecer à frente da Radiobrás, mas ainda não obteve resposta. (Carol Ferrare)
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