Mário Coelho
O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) disse na manhã desta sexta-feira (28) que o caseiro Francenildo dos Santos Costa tem “algumas vitórias” no caso da quebra do seu sigilo bancário e divulgação indevida de dados, em 2006. Ontem, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou a denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o deputado Antonio Palocci (PT-SP), na época ministro da Fazenda.
Palocci, junto com o o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso e o ex-assessor de comunicação do Ministério da Fazenda, Marcelo Netto, eram acusados de quebrar e vazar para a imprensa dados bancários sigilosos do caseiro. Ele foi testemunha de acusação contra Palocci no chamado caso da “República de Ribeirão Preto”, na CPI dos Bingos. O caseiro afirmou ter visto o então ministro participando de reuniões com lobistas na mansão.
Os ministros do Supremo, por maioria, rejeitariam a denúncia contra Palocci e Netto, mas aceitaram contra Mattoso, que terá seu destino decidido por um juiz de primeira instância. “O Francenildo tem algumas vitórias. A primeira: falou a verdade. A verdade está ao seu lado, e a Suprema Corte reconheceu essa parte. A segunda: o resultado final de cinco a quatro. O indefeso perdeu por um voto, mas, volto a repetir, perdeu em parte, porque o responsável formal pelo acesso às contas e ao sigilo da Caixa Econômica, o Sr. Mattoso, vai responder a esse processo em primeira instância”, afirmou Heráclito.
Na época, Fracenildo foi acusado de ter recebido dinheiro de parlamentares da oposição para fazer as denúncias contra Palocci. Um dos apontados foi justamente Heráclito. No discurso, o democrata disse que se sente “culpado indiretamente” pela quebra do sigilo bancário do caseiro. Os dois são do mesmo estado, o Piauí. “Esse raciocínio lógico dos aloprados do PT, meio à base de Sherlock Holmes portugueses, disse: ‘Lógico, se o Francenildo é piauiense, logo o Francenildo tem ligações com o Heráclito, que faz oposição ao Governo; logo foi o Heráclito que abasteceu a conta do caseiro'”, afirmou o senador.
Para o senador piauiense, o caso chama a atenção pela maneira desigual que Francenildo foi tratado. Durante seu discurso, Heráclito evitou fazer acusações a Palocci. Mas apontou que invasão à privacidade do caseiro “possa ter certamente sido obra dos aloprados para prestar serviço ao então poderoso ministro”. “O caso do Francenildo é um caso que merece a atenção de todos, pela maneira desigual como foi tratado. Invadiram as suas contas, a sua privacidade, e esse rapaz, segundo a imprensa, vive até hoje de biscate, sofrendo. Mas o que me admira é que não perdeu em nenhum momento a sua fé e a sua convicção”, comentou.
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