Apontado por alguns petistas como o pai do valerioduto, o grupo político do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), volta a ser atingido por denúncias que o ligam a operações irregulares feitas pelo empresário mineiro Marcos Valério. O alvo das suspeitas é o Instituto de Desenvolvimento, Assistência Técnica e Qualidade em Transporte (Idaq), entidade dirigida pelo vice-governador de Minas, Clésio Andrade (PL).
Segundo matéria assinada por Marta Salomon e Rubens Valente, que a Folha publica neste domingo, a instituição sacou R$ 7,4 milhões, em espécie, da agência do Banco Rural no Brasília Shopping, na capital federal. Tanto a agência bancária como o período dos saques – entre 2003 e 2004 – são os mesmos em que foram verificados saques para deputados da base aliada do governo Lula acusados de receberem mensalão.
Entre agosto de 2003 e julho de 2004, o Idaq fez 20 retiradas do Banco Rural. A própria instituição financeira, conforme relata a Folha, informou ao Banco Central que se trata de "movimentação incompatível com o patrimônio ou atividade econômica".
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Vinculado à Confederação Nacional dos Transportes (CNT), da qual Clésio Andrade é presidente, o Idaq nasceu em 1995 com com o objetivo de promover o aumento da competitividade das empresas de transporte. De acordo com o jornal, o vice-governador informou, por intermédio da sua assessoria, que não vai comentar o assunto.
Em depoimento prestado à Polícia Federal em 6 de julho de 2005, o ex-gerente do Banco Rural José Francisco de Almeida Rego afirmou que o Idaq era o terceiro correntista que mais fazia saques em espécie na agência do Rural no Brasília Shopping. Só era superado pelas agências de publicidade SMP&B Comunicação e DNA Propaganda, ambas de Marcos Valério, de quem Clésio foi sócio no passado (na própria SMP&B, entre 1996 e 1998).
As investigações da CPI dos Correios demonstraram que, em 1998, Valério contribuiu com pelo menos R$ 9 milhões para a campanha à reeleição do então governador de Minas, Eduardo Azeredo. Duas semanas atrás, a CPI descobriu que Valério transferiu R$ 1,4 milhão para o Idaq entre 1997 e 1998. Clésio atribuiu os pagamentos à venda de sua parte na sociedade com o publicitário.
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