Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso repreendeu ontem o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), por ter revelado à imprensa a intenção do presidente Lula de convidar o seu antecessor para uma conversa no Palácio do Planalto.
FHC teria comentado com amigos, em São Paulo, que o possível encontro não passa de "uma bobagem", que Lula está perplexo, "sem agenda" e "sem capacidade de articulação" para montar o seu futuro governo.
"Isso (o convite) é uma bobagem", disse FHC a amigos ontem, ao justificar a repreensão feita a Virgílio por telefone. O ex-presidente considerou uma impropriedade que o eventual convite tenha sido divulgado antes que ele fosse informado e que o anfitrião divulgasse a agenda do encontro.
Para Fernando Henrique, a proposta de Lula tem a aparência de um factóide, cortina de fumaça para encobrir a sua incapacidade de construir uma agenda e de montar uma sólida base política de apoio.
A proposta feita por Lula a Virgílio, no último sábado, provocou divergências na base oposicionista. O governador reeleito Aécio Neves (MG) disse que não se negará a conversar com Lula sobre o crescimento do país, mas deixou claro que o gesto "não se trata de conciliação". O governador eleito José Serra (SP) afirmou que, se for convidado, irá, mas a agenda da conversa deve ser proposta por Lula.
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"Apesar da irritação, o tucano admitiu que, se for efetivamente convidado na qualidade de ex-presidente da República, não cometerá a descortesia de recusar o convite. Mas só o aceitará se o atual presidente fizer um chamado objetivo, comunicado diretamente a ele, e divulgar previamente uma agenda para pontuar as conversas. Quanto à hipótese de participar de um conselho de ex-presidentes, FHC disse que de forma alguma ficaria ‘no mesmo saco’ de Fernando Collor", diz a reportagem de Carlos Marchi, do Estadão.
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