Edson Sardinha
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contestou hoje (19) a declaração dada ontem pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, de que o PSDB tem a pretensão, caso volte ao governo, de privatizar a Petrobras. FHC disse que é “argumento de má fé” atribuir ao partido a intenção de repassar a estatal para a iniciativa privada.
Em nota divulgada pelo PSDB, o ex-presidente disse que teve participação histórica na defesa da empresa e que espera pela apuração das denúncias a serem investigadas pela CPI, instalada na última sexta-feira no Senado.
Ontem, Paulo Bernardo criticou duramente a instalação da CPI. “O que o PSDB gostaria mesmo é de privatizar a Petrobras e eles não conseguiram fazer isso no governo Fernando Henrique”, afirmou o ministro do Planejamento. “Provavelmente vão querer desmoralizar a Petrobras para fazer isso no futuro, mas tenho certeza de que não vão conseguir”, acrescentou Bernardo.
Confira a íntegra da nota do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso:
“Foi durante meu governo que a Petrobras se tornou uma companhia de expressão internacional, assim como no mesmo período criamos a ANP (Agência Nacional de Petróleo). Os contratos de concessão feitos por esta última, as reservas de área mantidas pela Petrobras e as associações entre esta empresa e várias companhias, brasileiras e estrangeiras, foram responsáveis pelos sucessos que continuam a ocorrer, como a descoberta do Tupi e do pré-sal, em área licitada no ano 2000. Tenho, portanto, orgulho pela obra da Petrobras, sendo de recordar que participei ativamente da campanha do ‘Petróleo é nosso’, capitaneada por alguns generais da minha família, entre os quais meu pai. Fui mesmo tesoureiro de um dos núcleos daquela campanha, o Centro de Estudos e Defesa do Petróleo, em São Paulo, motivo de um dos processos movidos contra mim em 1964.
Quando do debate sobre a quebra do monopólio do petróleo e da transferência para as mãos da União do controle do subsolo, em carta ao Senado da República, explicitei meu ponto de vista contrário à privatização da Petrobras. Por isso mesmo, repugna-me ver a utilização de argumentos de má fé, atribuindo ao PSDB a intenção de privatizar a Petrobras, quando o partido, como qualquer brasileiro decente, deseja apenas saber se há ou não deslizes graves na administração da companhia. Se os há, que sejam apurados, e os responsáveis punidos. Se não, melhor. Em qualquer caso, o que não convém é a continuidade de suspeitas, essas sim, danosas à empresa e a seu valor de mercado”.
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