Uma ferramenta virtual capaz de fazer uma cartografia das publicações em redes sociais envolvendo minorias será lançada até o final deste mês. O dispositivo, até então nomeado Painel dos Direitos Humanos, poderá ajudar na identificação de casos de violações de direitos humanos, monitorando mensagens de ódio. Segundo os desenvolvedores, o objetivo do mecanismo é contribuir para o empoderamento das minorias sociais.
A ferramenta é resultado de um convênio entre a antiga Secretaria de Direitos Humanos (atual Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos) e o Laboratório de Internet e Cultura (Labic), da Universidade Federal do Espírito Santo. O desenvolvimento do aplicativo, que ainda está na fase de testes, mobilizou cerca de 30 pesquisadores do Labic durante um ano.
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A versão 2015 da ferramenta está focada no mapeamento de postagens sobre negros, indígenas, mulheres e LGBT. A ferramenta integra 15 diferentes softwares que permitem visualizar, no mapa do Brasil, os estados em que as mensagens se concentram e filtrá-las por tempo de publicação: nos últimos 15 dias, sete dias, 24 horas ou mais recentes. A coleta é feita por algoritmos a partir de termos previamente selecionados, como “punição”, “agressão”, “racismo”, “justiça”, “machismo” e “empoderamento”. As palavras são buscadas em publicações do Facebook, Twitter e Instagram.
A expectativa da equipe envolvida na elaboração do Painel é de que as interações nas redes sociais possam contribuir para a elaboração de políticas públicas na área. “Tivemos um trabalho muito grande de análise de publicações ao longo do ano e a partir dessas publicações a gente conseguiu montar um universo de palavras que servem para conduzir a análise automática via computação das publicações online em tempo real”, explica o professor Fábio Gouveia, um dos coordenadores do Labic.
Gouveia destaca que, para além do monitoramento de mensagens de ódio, a ferramenta busca dar visibilidade a grupos sociais que frequentemente são alvos de preconceito. “O foco do Painel dos Direitos Humanos é dar empoderamento às vítimas, mais do que buscar culpados ou criar uma cultura de perseguição. É o modo como a gente pode, a partir da ferramenta, criar uma cultura de respeito e de proteção àqueles que hoje são vítimas desse comportamento binário”, avalia Gouveia.
A ferramenta apresenta somente as mensagens que contém os termos destacados, preservando, a princípio, a identidade dos autores das postagens. Porém, os relatórios gerados pelo Painel armazenam o link da postagem original, o que pode facilitar na eventual identificação do usuário nos casos em que for constatada violação de direitos humanos.
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