Por cinco votos a dois, o Tribunal do Júri de Belém (PA) condenou ontem a 30 anos de prisão o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, como mandante do assassinato da missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang.
O júri entendeu que houve homicídio duplamente qualificado, com promessa de recompensa (R$ 50 mil aos pistoleiros), motivo torpe e uso de meios que impossibilitaram a defesa da vítima. Dorohy tinha 73 anos quando foi assassinada em fevereiro de 2005, em Anapu (PA).
Como foi condenado a mais de 20 anos de prisão, Bida tem direito a pedir novo julgamento. Mas não poderá esperar a conclusão do caso em liberdade. "O Conselho de Sentença entendeu que o réu não terá direito de recorrer em liberdade porque é uma pessoa violenta, inadaptada ao convívio social, sem sentimento de generosidade, de amizade e qualquer outro valor a sua cobiça", afirmou o juiz Raimundo Flexa.
Organizações não-governamentais (ONGs) ligadas aos direitos humanos e familiares de Dorothy comemoraram a condenação do fazendeiro como uma sentença histórica da Justiça brasileira.
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Bida é a quarta pessoa a ser condenada pelo assassinato da missionária. Outro acusado de ser mandante do crime, o fazendeiro Regivaldo Galvão, mais conhecido como Taradão, está em liberdade. O julgamento pode ocorrer ainda este ano.
Durante o depoimento, o fazendeiro negou ser o mandante do crime. Bida admitiu, no entanto, que viu a arma utilizada por Rayfran das Neves Sales, o Fogoió (condenado a 27 anos de prisão), autor do crime, logo depois de ele ter disparado contra a missionária.
O advogado de defesa Américo Leal culpou a missionária, que "não parava com suas ações criminosas": "Ela veio a morrer fruto da própria violência que ela pregou em Anapu", disse Leal. "Minha irmã foi morta pela segunda vez, agora por esse advogado", declarou David Stang, irmão da missionária, à Agência Estado. (Edson Sardinha)
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