Um dia após chegar ao gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, a delação premiada do doleiro Lúcio Funaro, operador do PMDB em esquemas de corrupção, voltou às mãos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Relator da Operação Lava Jato no STF, Fachin devolveu a delação para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) faça ajustes de conteúdo. Ainda não há informações sobre quais seriam tais reparos.
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A delação de Funaro foi encaminhada ao STF por citar pessoas com foro privilegiado, entre elas o presidente Michel Temer. A expectativa é que as informações que Funaro prestou aos procuradores, quando homologadas, ajudem a embasar a segunda denúncia que Janot prepara contra Temer. A preocupação dos governistas é se algo que consta do conjunto probatório revele algum crime que Temer tenha cometido no exercício do mandato – há a suspeita de que o presidente atuou para garantir o silêncio de Funaro.
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Contudo, a devolução de Fachin torna pouco provável que a delação seja homologada nesta semana, como tem sido considerado nos bastidores de Brasília, o que pode atrasar a segunda denúncia de Janot contra Temer e encurtar o tempo hábil do procurador-geral da República para apresentá-la antes do fim do seu mandato. O procurador-geral deixa o cargo em 17 de setembro e, além disso, há ainda um feriado prolongado na próxima semana (7 de Setembro).
Funaro foi transferido do presídio da Papuda para a Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, para começar sua delação no começo do mês de julho. Ele foi transferido de volta à Papuda em 11 de agosto e voltou para a Superintendência dez dias depois, para continuar a rodada de negociações.
Além de Temer, Funaro também detalhou pagamento de propina ao ex-ministro Geddel Vieira Lima e relatou que o aliado de Temer pressionou a esposa de Funaro para evitar que delatasse. A exemplo do doleiro, Geddel também chegou a ser preso e está na mira da PGR, mas recebeu o benefício da prisão domiciliar.
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