Rudolfo Lago
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, enviou na manhã de quarta-feira (10) exposição de motivos ao presidente Lula sugerindo a exoneração do general Maynard Marques de Santa Rosa do cargo de chefe do Departamento Geral de Pessoal do Comando do Exército. Em nota, o general criticou a Comissão da Verdade, criada no Plano Nacional de Direitos Humanos com o propósito de investigar os crimes praticados durante a ditadura militar. Maynard disse que a comissão seria formada por “fanáticos” e viraria uma “comissão da calúnia”.
São “mesmo fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o seqüestro de inocentes e o assalto a bancos como meio de combate ao regime, para alcançar o poder”, disse o general, na sua nota.
“Após tomar conhecimento das declarações públicas – por reportagem publicada hoje na imprensa- o ministro contatou por telefone o Comandante do Exército, General-de-Exército Enzo Martins Peri, que encontrava-se em viagem a Santa Maria (RS), e solicitou a confirmação dos fatos e a adoção de providências, em caso positivo”, informa, por sua vez, nota da assessoria de imprensa do Ministério da Defesa. Ainda pela manhã, segundo a nota do ministério, o general Enzo confirmou as informações, dizendo que as declarações do Maynard seriam uma “correspondência pessoal, indevidamente propagada pela internet”. Uma tentativa de amenizar o caso, tratando-o como “opinião particular”.
Isso, porém, não sensibilizou Jobim. Ainda que opinião particular, o pensamento do general choca-se com a posição do governo quanto à necessidade de apuração rigorosa dos eventuais abusos cometidos pelo regime militar durante a ditadura. Assim, Jobim insistiu no afastamento do general Maynard. Fora da chefia do Departamento de Pessoal, ele ficará como adido do comandante do Exército.
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