O ex-tesoureiro do PSDB mineiro Cláudio Mourão confirmou há pouco que recebeu R$ 11 milhões das contas do empresário Marcos Valério em 1998 para financiar a campanha do então candidato tucano ao governo do estado, o senador e atual presidente do partido, Eduardo Azeredo. Segundo o depoente, o dinheiro não foi declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O ex-tesoureiro, no entanto, isentou o tucano de participação no esquema. De acordo com Mourão, Azeredo teria se recusado a pagar a dívida porque desconhecia a utilização e a origem do dinheiro. “Ele se negou a aceitar caixa dois e não quis pagar”, afirmou. Segundo o ex-tesoureiro, apenas R$ 1 milhão dos R$ 11 milhões arrecadados com o empréstimo foi devolvido a Valério.
A confirmação de Mourão, que depõe neste momento à CPI dos Correios, atesta a existência de caixa dois na campanha de Azeredo. O comitê financeiro do tucano declarou à Justiça Eleitoral ter gasto R$ 8,5 milhões. Com a afirmação do ex-tesoureiro, a conta sobe para R$ 20 milhões. “Não foi escriturada essa diferença porque havia expectativa de recebimento de dinheiro oficial, o que não se concretizou”, disse Mourão.
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O ex-tesoureiro disse ainda que tem direito a receber R$ 1,6 milhão de Azeredo, referente a gastos da campanha que Mourão teria arcado com recursos do próprio bolso. Ele disse que chegou a apresentar uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para receber o dinheiro, mas desistira, em seguida, após concluir que esse não seria o foro ideal.
O publicitário Duda Mendonça, que trabalhou na campanha de Azeredo em 1998, também recebeu dinheiro de caixa dois, segundo Mourão. O ex-tesoureiro afirmou que Duda teria recebido cerca de R$ 4 milhões, embora na prestação de contas do PSDB ao TSE conste apenas o pagamento de R$ 700 mil ao publicitário.
Em meados de julho, a imprensa noticiou o envolvimento de Azeredo com os recursos do “valerioduto”. Mourão teria solicitado um empréstimo bancário a Valério para custear despesas da campanha do tucano ao governo de Minas Gerais. Os recursos também teriam sido repassados para aliados da coligação, entre eles o relator da CPI do Mensalão, deputado Ibrahim Abi-ackel (PP-MG).
Azeredo refutou as acusações e, embora tenha reconhecido que a campanha utilizou recursos de caixa dois, procurou responsabilizar apenas o ex-tesoureiro. “Não dei aval para nenhum empréstimo”, afirmou o senador quando o fato veio à tona.
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