No depoimento prestado à sub-relatoria de CPI dos Correios, Lincoln Pereira Frade, segurança e ex-funcionário da Tecno Cargo, revelou que a empresa de transporte rodo-fluvial pagou US$ 20 mil (cerca de R$ 45,6 mil) ao ex-diretor de Operações dos Correios Carlos Lima Sena no início de 2001.
A Tecno Cargo pertence ao grupo empresarial GPT, sediado em São Paulo (SP), que reúne, entre outras, as empresas Carga Aérea Promodal e Syn Logística Integrada. O GPT é de propriedade do empresário Antônio Augusto Morato Leite Filho, que seria "sócio informal" da Brazilian Express Transportes Aéreos Ltda. (Beta). A Beta é acusada pela CPI de manipular as licitações para serviços de correio aéreo noturno, junto com a empresa aérea Skymaster.
Frade disse aos parlamentares que entregou o dinheiro pessoalmente ao diretor da Beta, Roberto Kfouri, na Academia de Tênis, em Brasília (DF). Kfouri lhe teria dito que a quantia seria repassada ao diretor dos Correios para "obter vantagens" para a Beta. Segundo Frade, Kfouri declarou ser ele próprio o "idealizador de tudo", em alusão ao pagamento de propina aos Correios. O suposto esquema teria começado em 2000, quando a Beta participou de uma licitação promovida pela estatal.
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Frade também afirmou ter comprado, na loja virtual das Lojas Americanas, com cartão de crédito pessoal, dois aquecedores para Lima Sena, no valor total de R$ 600. Frade foi demitido da GPT em dezembro de 2002 e trabalha atualmente como segurança de um hospital.
Ele confessou ter gravado conversas de pessoas que visitavam o empresário Morato Leite Filho. "Antônio tinha o costume de vasculhar a vida dos outros", afirmou. Entre as gravações, estariam registros de encontros do sócio da Beta com o diretor comercial da Skymaster, Luiz Otávio Gonçalves; com um dos donos da Beta, Ioannis Amerssonis; e com o fiscal da Receita Federal Léo Botelho, além das duas ex-mulheres de Leite Filho.
O sub-relator de Contratos, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), apresentou planilha da Beta – que Frade afirmou reconhecer – que demonstra valores pagos pela empresa em abril de 2002, supostamente referentes a propinas. Sob a inscrição "acerto ECT" aparecem R$ 123 mil, com porcentagem de 2,5% em relação ao contrato. Já a sigla "Acerto VG" (uma suposta referência à VarigLog) aponta valor de R$ 7,75 mil, com comissão de 1,5%. A Beta é suspeita de pagar à VarigLog para que a empresa não contestasse licitação vencida em 2001 para a prestação de serviços de correio aéreo noturno.
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