Depois de deixar a Secretaria de Administração Penitenciária do estado de São Paulo, Nagashi Furakawa concedeu entrevista ao jornal Folha de São Paulo e admitiu que o governo do estado negociou com o PCC o fim dos ataques. “É evidente que houve negociação. O que não houve foi acordo.”afirmou o ex-secretário.
Anegociação a que Nagashi se refere foi a visita que uma advogada fez a um dos chefes da facção criminosa Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. “A advogada Iracema Vasciaveo apareceu dizendo que tinha contatos externos com pessoas envolvidas nos ataques e que as ações eram um sentimento de revolta por conta de notícias de que Marcola teria apanhado. Se pudesse ver que ele estava bem, a revolta iria arrefecer. Portanto, foi tomada uma decisão com toda a transparência. Fui favorável.”, contou o ex-secretário, de 57 anos, que agora pretende escrever um livro sobre a experiência de mais de seis anos à frente da Secretaria de Administração Penitenciária.
A advogada se apresentou a Marcola utilizando um código para que ele pudesse ter certeza de quem era ela. Eles não se conheciam. Marcola teria falado para a advogada que não poderia mandar parar os ataques, porque não teria sido ele que ordenara.
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Na entrevista, Nagashi criticou a imprensa dizendo que a mídia está fazendo uma cobertura errada do caso, querendo saber como terminou os ataques em vez de estar preocupada em entender as causas do que ocorreu em São Paulo.
O ex-secretário voltou a dizer que deixou o cargo por conta de divergências ideológicas com o secretário de segurança pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu. Disse ainda que o governador precisa afinar o trabalho das duas secretarias para o estado obter sucesso no combate ao crime organizado.
A única crítica direta que Nagashi fez a Saulo foi sobre a falta de investigação mais rigorosa da Polícia Civil na penitenciária 2 de Presidente Venceslau, onde foram separados os líderes do PCC.
Perguntado sobre como os celulares entram nos presídios Nagashi respondeu: “Não podemos ser românticos. Em qualquer meio existe corrupção, até no Congresso Nacional. E os servidores não estão imunes. Os celulares entram por meio de poucos funcionários corruptos e por deficiência na revista. É muito complicado revistar partes íntimas de mulheres que visitam os presos.”
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