O documentarista, videomaker e artista gráfico Grima Grimaldi, de 59 anos, diz ter certeza que o ex-presidente Lula participou da criação do coletivo ‘Fora do Eixo’, coordenado por Pablo Capilé, a quem acusa de adesismo ao governo para não perder uma “boquinha” de verbas estatais. Entende que a candidata a vice de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva, sempre se alia à “elitezinha babaca” de São Paulo. Critica incentivos fiscais ao Itaú e a apresentadora de TV Regina Casé. Depois de anos fazendo campanhas políticas, Grimaldi parou com tudo por causa da “malandragem”. Mais: vai se abster nas próximas eleições e fazer campanha para que outras pessoas façam o mesmo que ele.
Tudo isso ele conta em entrevista exclusiva ao colunista do Congresso em Foco Marcelo Mirisola. Grimaldi já fez campanhas políticas para Lula e gente de todos os grandes partidos e clãs, como PMDB, PSDB, PFL, Sarney e Miguel Arraes. Mas parou: “Não aguentava mais fazer parte de tanta malandragem”, diz ele, nascido de Salvador (BA), mas que vive em São Paulo desde 1978. Grimaldi não trabalha mais política. “A coisa mais fácil é enganar o eleitor. E nem precisa ter muito talento”, afirma.
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Para ele, os artistas do “Fora do eixo” não passam de “aproveitadores”. “Não criticam governantes nem ministros e secretários de cultura porque não querem perder a boquinha do dinheiro público entrando todo mês na conta deles.”
Um dos coordenadores do grupo, Pablo Capillé, foi chamado de “companheiro” pelo presidente do PT, Rui Falcão, em entrevista à TV Cultura. Para Grimaldi, Lula ajudou os ex-ministros Gilberto Gil e Juca Ferreira a criar o coletivo. “Foi gestado pelo Gil e pelo seu fiel escudeiro Juca Ferreira dentro do próprio Ministério da Cultura”, acusou.
A artilharia de Grimaldi sobra para Marina Silva e a família que controla do banco Itaú. Para o videomaker, ela sempre está “ao lado dessa elitezinha babaca paulistana”. O artista critica os incentivos fiscais recebidos pelo centro Itaú Cultural. “Um absurdo um centro cultural de um banco privado ter 100% de isenção fiscal, não coloca um real do bolso. A logomarca do banco aparece gigantesca e a do governo, a nossa grana, minúscula em um cantinho.”
A assessoria do Itaú Cultural disse ao site que as declarações de Grimaldi são “deselegantes”, “despropositadas” e equivocadas. “O Itaú Cultural não se vale de 100% de isenção fiscal como mencionado (…) em 2013 o orçamento total (…) foi de R$ 72 milhões – R$ 20 milhões por meio da Lei Rouanet”, disse a assessoria. Veja a íntegra da nota.
Para Grimaldi, a artista Regina Casé pratica “racismo dissimulado” em seu programa de TV, o “Esquenta”, da rede Globo. “Outro dia Regina Casé estava equilibrando um copo de cerveja na bunda da pensadora contemporânea Valesca Popozuda”, ironizou o videomaker. Em nota, a assessoria de comunicação da emissora disse que o programa atua de forma inversa ao que diz Grimaldi. “A celebração da diversidade e a convivência entre pessoas de classes, credos, origens e raças diferentes são justamente marcas do ‘Esquenta’. (…) Ao contrário de promover qualquer tipo de intolerância, a atração exalta e estimula o respeito entre todos”. Veja a íntegra da nota.
Outras pessoas e instituições citadas na entrevista não se manifestaram apesar dos contatos do Congresso em Foco. O espaço continua aberto mesmo após a publicação da notícia.
Veja a íntegra da entrevista concedida a Marcelo Mirisola
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