|
A ex-mulher do deputado José Dirceu (PT-SP), Maria Ângela da Silva Saragoça, disse ontem que se sentiu usada pelo empresário Marcos Valério, apontado como operador do mensalão. Em nota divulgada na tarde de ontem, ela afirmou que considerava a atitude de Valério um ato solidário. “Antes da crise, acreditava que ele queria apenas ser solidário. Agora me dou conta de que fui usada por este senhor, que tinha interesses próprios e provavelmente visava comprometer o ex-ministro José Dirceu”, declarou. Em reportagem publicada ontem, o jornal Correio Braziliense afirma que o empresário Marcos Valério fez dois favores para a ex-mulher de Dirceu: intermediou um empréstimo de R$ 200 mil no Banco Rural e conseguiu um emprego para ela no Banco do Estado de Minas Gerais (BMG). Na nota, Maria Ângela disse que o valor da transação foi de R$ 42 mil, dividido em 36 parcelas que até agora foram pagas em dia. O dinheiro foi usado para comprar um imóvel num bairro de classe média em São Paulo. Leia também Maria Ângela disse que tinha a intenção de mudar-se para um apartamento maior e procurou José Dirceu. O ex-marido afirmara que não tinha condições de ajudá-la no momento. Segundo Maria Ângela, que é psicóloga, vários amigos do petista sabiam da situação, entre eles o então secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, que lhe apresentou Marcos Valério. Foi a partir de uma indicação do empresário, em novembro de 2003, que ela conseguiu o emprego de psicóloga do BMG, para ganhar cerca de R$ 3,5 mil. O posto, assim como o salário, teria sido acertado de forma que ela pudesse se encaixar no perfil do financiamento concedido pelo Banco Rural. O antigo apartamento foi vendido para Rogério Tolentino, advogado de Marcos Valério, por R$ 115 mil. No fim da tarde de ontem, o empresário, por meio da assessoria, disse que um dirigente petista, Ivan Guimarães, fez um pedido a Tolentino: “Você quer ajudar a mulher do ministro José Dirceu? Ela precisa vender com urgência um apartamento”. Depois do apelo, o advogado fechou negócio com Maria Ângela. A influência do empresário nos dois bancos reforça as suspeitas de ligação entre o PT e o suposto pagamento de mesadas a deputados da base aliada, o mensalão. Foi nos bancos Rural e de Minas Gerais que Marcos Valério fez cinco empréstimos no valor de R$ 30,9 milhões para repassá-los integralmente ao partido. O dinheiro, segundo o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, era usado no caixa-dois do partido para custear campanhas. A assessoria do BMG confirmou que a indicação de Maria Ângela para o cargo foi feita por Marcos Valério. Mas o advogado do banco, Sérgio Bermudes, disse que não houve vantagem alguma. Segundo ele, a ex-mulher de Dirceu só foi contratada porque preenche os pré-requisitos básicos exigidos. |
Deixe um comentário