A ex-diretora da Agência Nacional de Aviação (Anac) Denise Abreu afirmou, na manhã de hoje (11), que o parecer jurídico que autorizou a venda da VarigLog ignorou as informações técnicas previamente levantadas. O documento não considerou as orientações da Anac, sobre a necessidade de verificar o imposto de renda e a entrada de capital estrangeiro neste tipo de operação.
Denise presta depoimento à Comissão de Infra-estrutura do Senado. Ela foi convidada para esclarecer o compra da VarigLog e as acusações que fez contra a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Denise acusa Dilma de favorecer a venda da VarigLog ao fundo norte-americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros.
Em seu depoimento, a ex-diretora voltou a afirmar que a ministra-chefe da Casa Civil interferiu no processo. Denise disse que Dilma questionou “expressamente” as exigências feitas pela Agência Nacional de Aviação Civil.
“Fomos chamados para uma reunião na Casa Civil com a ex-secretária Erenice Guerra. Todos os passos de nosso processo tiveram que ser explicitados”, conta. “Ficou todo um processo de pressão que era exercida sobre a área de segurança nacional, que toda a documentação apresentada pelo escritório de [Roberto] Teixeira fosse agilizada. Como se a Anac não tivesse nada para fazer.”
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Bode expiatório
No início de seu depoimento, a ex-diretora disse que se transformou em “bode expiatório” para mascarar problemas gravíssimos do transporte aéreo. “Demorei a compreender as verdadeiras razões que levaram o governo a arquitetar a renúncia de todos os diretores”, declarou.
Ela acusa o governo de ter arquitetado a saída da diretoria da agência reguladora. “Primeiro, tentaram me convencer que seria uma trama da Aeronáutica. Creio que não é verdade”, disse. Denise pediu renúncia do cargo de diretora da Anac em agosto do ano passado, depois de quase um ano de crise no setor aéreo brasileiro.
A ex-diretora da Anac confirmou ter procurado os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Sérgio Guerra (PSDB-PE) para falar sobre o caso. Denise disse ter se decepcionado por, na época, apenas ter sido aconselhada a procurar seu advogado e falar com a imprensa. Ela esperou nove meses para trazer à tona as informações que possui.
Ainda em suas declarações iniciais à comissão, a ex-diretora falou sobre um dossiê envolvendo o seu nome, que lhe chegou às mãos em 17 de agosto do ano passado. O documento revelava a existência de contas no Uruguai e cartões de crédito em nome de Denise Abreu. “Esse dossiê era falso. Jamais tive estas contas e tão pouco estes cartões”, declarou. (Renata Camargo)
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