A ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, afirmou nesta quarta-feira (3), em entrevista à imprensa na Câmara dos Deputados, que não tentou extorquir dinheiro do deputado Luiz Argôlo (SD-BA), ao contrário do que disse o parlamentar ontem, em depoimento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
Argôlo afirmou que Meire Poza teria pedido R$ 250 mil ao seu advogado, alegando estar em dificuldades financeiras. No mês passado, Meire disse ao Conselho de Ética que Argôlo teria sido beneficiado com repasses de Youssef no valor de R$ 1 milhão a duas empresas cearenses. O deputado responde a processo por quebra de decoro parlamentar, em razão de suposta ligação com negócios ilegais do doleiro, preso na operação Lava Jato da Polícia Federal.
“Luiz Argôlo mentiu. Eu nunca o extorqui, nunca o chantageei. Nunca falei em dinheiro. Não tenho nenhuma dívida”, disse Meire. “Eu lamento muito que o deputado Luiz Argôlo tenha preferido este caminho do que o caminho da dignidade. Ele poderia ter escolhido sair de cena”, completou.
Gravação da contadora
A contadora passou aos jornalistas trecho de dois minutos da suposta conversa que teve com o advogado de Argôlo, Aluisio Lundgren. “Eu toco a minha vida, tenho meu negócio, não preciso extorquir, não preciso pedir nada para ninguém. Acho isso humilhante, não tenho nenhuma intenção disso. Só quero resolver, só quero tentar sair desse imbróglio da melhor forma”, teria dito ela ao advogado. Na gravação, o advogado do deputado teria pedido para ela não falar para ninguém sobre o encontro dos dois e dito que os deputados sabem que Argôlo teve envolvimento com Youssef.
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Poza não quis repassar a gravação completa à imprensa, com o argumento de que a conversa teria ficado “baixa” e constrangedora para ela, mas disse que vai apresentá-la em juízo. Segundo ela, a conversa durou quatro horas.
PublicidadeO deputado Marcos Rogério (PDT-RO), relator do processo contra Luiz Argôlo, disse que as declarações de Meire Poza à imprensa hoje não serão levadas em conta no processo: “A instrução já foi encerrada ontem, com o depoimento do deputado Argôlo. Qualquer documento ou testemunho que eu tomar a partir de agora é considerado uma prova ilícita, um documento inválido, que poderia inclusive acarretar a nulidade do processo. Então, eu não posso pedir a entrada nem de documentos nem de declarações que ela fez à imprensa hoje.”
Marcos Rogério disse que vai entregar em breve seu parecer. O presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PSD-SP), informou que vai tentar marcar a votação do relatório para o dia 1º de outubro.
Até o momento, a reportagem não conseguiu contato com o deputado Luiz Argôlo.
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