O advogado Adão Pirajara Amador Farias, ex-chefe de gabinete da Secretaria de Agricultura do Distrito Federal na gestão do deputado distrital Pedro Passos (PMDB), foi preso ontem enquanto queimava documentos na churrasqueira da sua casa, em Brasília.
A ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon entendeu que Farias estaria destruindo provas que incriminariam Passos, preso na última quinta-feira (17). Além da prisão do ex-assessor, a ministra determinou a realização de busca e apreensão nos endereços do deputado distrital.
Ontem à noite, a ministra chegou a revogar a prisão de Farias pela acusação de destruição de provas. Mas o advogado continuará preso por porte ilegal de armas.
De acordo com o Correio Braziliense, Farias participou da articulação de Passos para tentar manter com a Gautama, construtora apontada pela PF como carro-chefe da máfia das obras, o contrato para a execução do perímetro de irrigação de Rio Preto, contrariando um parecer técnico anterior da Secretaria de Agricultura, emitido em janeiro de 2005, com recomendação de entrega da obra à Construtora LJA.
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Um novo parecer, encomendado por Passos, que havia assumido o cargo de secretário de Agricultura, foi favorável à Gautama. O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu, em novembro do ano passado, que a obra deve ser tocada pela LJA.
Passos depõe hoje à ministra Elena Calmon no STJ. Ainda nesta tarde, o Plenário da Câmara Legislativa do DF deve decidir se pede ou não a custódia do deputado distrital. Escutas telefônicas divulgadas ontem mostram Passos pedindo ajuda a um colega, o também deputado Benício Tavares (PMDB), no momento em que seria preso pela PF.
Ele pede a Benício que localize o presidente da Câmara Legislativo, Alírio Neto (PPS), para articular o relaxamento de sua prisão.
Veja o diálogo entre os dois deputados:
”Benício Tavares – Alô?
Pedro Passos – Alô, Benício?
Benício – Oi amigo, tudo bem?
Passos – Tudo bem. Olha aqui…Tô precisando de um imenso favor seu.
Benício – O que houve?
Passos – Eu fui surpreendido agora pela manhã e preciso de um grande favor seu… uma busca e apreensão da Polícia Federal aqui em casa, sabe?
Benício – Sei…
Passos – E…É uma investigação feita pelo STJ a respeito de uma obra feita na Secretaria de Agricultura. Eles…eles… investigam essa empresa…pelo que eu vejo aqui rápido, mas já chegou aqui…investigam essa empresa por contratos no país todo aí… e… e…. especificamente relacionado a mim porque eu teria feito uma emenda no orçamento, enfim… além da busca e apreensão, decretam a minha prisão. Acredita num negócio desse?
Benício – Tá doido. É mesmo cara?
Passos – É… Exato.
Benício – E aí?
Passos – E aí vai submeter isso… Vai decretar minha prisão após a busca e apreensão eles vão me conduzir e submeter ao presidente da Câmara o relaxamento ou não da prisão.
Benedito – Entendi.
Passos – Aí eu queria que você articulasse pra ver se a gente relaxa isso aí…
Benício – Tranqüilo…
Passos – O mais rápido possível com o menor desgaste possível, né? O Herman tá acompanhando, tá vendo eu falar com você. Mas eu tô tentando achar o Alírio e veja se você acha o Alírio e quem possa ajudar a articular isso aí pra gente…
Benício – Tá…Pode deixar, amigo…
Passos – Tá?
Benício – Então, o Herman vai me procurar, né?
Passos – O Herman vai te procurar, mas se você puder achar o Alírio também, sei lá…tá?
Benício – Tá bom. Pode deixar.
Passos – Me ajuda aí. Obrigado.
Benício – Um abraço.” (Edson Sardinha)
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