O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), se movimenta para ser candidato único à sucessão do atual presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). As articulações para essa solução sem disputa estão sendo feitas desde a votação do afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, em maio. Sem concorrente, Eunício ofereceu aos outros partidos a composição da Mesa Diretora com representação proporcional ao tamanho de cada bancada, inclusive os oposicionistas, como o PT e o PDT. A menos de um mês da eleição, marcada para o dia 2 de fevereiro, ainda não apareceu qualquer candidatura de oposição à presidência do Senado.
Além dos colegas do PMDB, há dez dias Eunício acertou com o presidente do PSD, o ministro das Comunicações, Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, o apoio dos quatro senadores do partido à sua candidatura. Da bancada, apenas o senador José Medeiros ainda não garantiu a adesão ao nome de Eunício porque está negociando voos mais altos nas instâncias partidárias e na composição das comissões permanentes. O PT já acertou que indicará um nome para um cargo relevante na Mesa Diretora, ou a primeira vice-presidência, hoje já ocupada pelo petista Jorge Viana (AC), ou a primeira-secretaria. Eunício já recebeu declaração de voto do senador Paulo Paim (PT-RS).
Dono da segunda maior bancada, com 12 senadores, o PSDB também aderiu ao nome de Eunício. Ficou acertado com o presidente do partido, senador Aécio Neves (MG), que um representante da legenda vai compor a Mesa Diretora. O nome mais provável é o do senador Paulo Bauer (SC), que atuou como líder da bancada no segundo semestre em substituição a Cássio Cunha Lima (PB). A direção do DEM também prometeu se alinhar a Eunício.
O PP, com sete senadores, e o PSB, com outros seis, também já garantiram apoio à candidatura do líder do PMDB. Mesmo dividido, o PSB apoia Eunício porque a legenda está com um pé no governo – inclusive com o ministro de Minas e Energia, deputado Fernando Coelho (PE), filho do senador Fernando Bezerra Coelho (PE) – e outro na oposição, exercida pelo senador João Capiberibe (AP) e sua colega Lídice da Mata (BA).
Para não deixar ponta solta no acordo e evitar candidaturas avulsas aos cargos de direção do Senado, o PMDB prometeu à senadora Marta Suplicy (SP), ainda considerada novata no partido, a Procuradoria da Mulher. O posto agrada muito a ex-petista, que é uma militante feminista. Ainda no PMDB, o senador Waldemir Moka (MS) desistiu de pleitear a liderança do partido e o candidato ainda está indefinido.
Para Renan Calheiros, estuda-se conceder a presidência da Fundação Ulysses Guimarães. O cargo pode parecer de segunda linha para um ex-presidente do Senado, mas tem um orçamento três vezes maior que o do próprio partido, além de garantir muita influência. Mas Renan tem opção: pode presidir a poderosa Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) com a saída de Raimundo Lira(PB) para a liderança da bancada. Na presidência do partido continua Romero Jucá (RR).
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