Os economistas Cláudio Ferraz, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e Frederico Finan, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), realizaram um estudo e conseguiram comprovar que prefeitos que exerceram mandatos consecutivos entre 1996 e 2004 e foram candidatos a deputado no ano passado tiveram gestões menos corruptas do que aqueles, também em segundo mandato, que não buscaram novos postos na política.
De acordo com o repórter Alexandre Rodrigues, do jornal Estado de S. Paulo, os pesquisadores descobriram que o número de irregularidades nas cidades com prefeitos-candidatos é 50% abaixo da média das cidades nas quais os gestores fecharam o segundo mandato sem perspectivas eleitorais. Eles fizeram o levantamento a partir de auditorias da Controladoria-Geral da União (CGU) em pequenos municípios.
“O dado é uma estimativa, já que os pesquisadores estão justamente trabalhando nesse tema para reapresentar o trabalho num seminário, mas confirma os resultados da primeira fase do estudo. Analisando os relatórios das auditorias sobre a aplicação de recursos federais pelos prefeitos, a partir de um sorteio entre os municípios, eles já tinham chegado a uma conclusão que contraria o senso comum em que se baseiam as críticas à reeleição. Para eles, a reeleição ou o desafio de uma nova eleição inibem a corrupção”, afirma a reportagem.
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O jornalista conta que o estudo envolveu 367 municípios auditados entre 2003 e 2004. “Na época, 66% tinham governantes em primeiro mandato. A CGU encontrou menos irregularidades nessas cidades do que naquelas onde os prefeitos estavam em segundo mandato. Em números absolutos, o número médio de irregularidades neste último grupo é de 1,93 por município. Entre as cidades com prefeitos que tinham direito à reeleição, essa média cai para 1,57”.
Na avaliação de Cláudio Ferraz, o resultado mostra que os governantes são mais cuidadosos com a corrupção quando têm pela frente o desafio de outra eleição.
“A possibilidade de reeleição influencia muito e, com certeza, inibe a corrupção. Se o político tem como objetivo se reeleger, pode ter o incentivo de desviar para um caixa 2, por exemplo. Por outro lado, ele sabe que, se for pego, ele não vai conseguir se reeleger”, observa Ferraz.
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