Fábio Góis
Um grupo de estudantes de diversas instituições visitou hoje (quinta, 16) o Senado para fazer o que eles chamam de “Ato Secreto Popular do Fora Sarney”, que obviamente pede que o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), renuncie ao mandato – que exerce pela terceira vez, no comando da instituição. Três pizzas foram levadas pelos jovens ao “túnel do tempo”, corredor com esculturas e documentos históricos que separa o plenário das alas onde ficam comissões e gabinetes.
Dez estudantes trajavam camisas com as iniciais da frase “fora Sarney”, e ficaram alguns instantes proferindo palavras de ordem contra o cacique peemedebista. Foi quando chegaram agentes da polícia legislativa e, com certa truculência, subtraíram do grupo a camisa branca em que estava registrada a letra “S” – por motivos também óbvios.
Um dos manifestantes disse que outros atos semelhantes serão realizados, e não só para pedir a renúncia de Sarney – um dos principais protagonistas da crise instalada há meses no Senado. De acordo com o estudante, também os integrantes da Mesa Diretora serão alvos dos protestos. Quanto ao nome “ato secreto popular”, o jovem diz ser uma menção à necessidade de sigilo dos atos ante à dificuldade de livres manifestações na “casa do povo”.
Desde fevereiro, com a posse na presidência da Casa pela terceira vez (as outras foram entre 1995 e 1997 e 2003 e 2005), Sarney enfrenta as mais diversas denúncias sobre atos praticados por ele e aliados em cargos de direção. Atos administrativos secretos, casos de nepotismo cruzado, uso da estutura do Senado para fins particulares, usufruto irregular de auxílio-moradia e viagem ao exterior custeada por banqueiro sob investigação são algumas das denúncias que põem em risco a permanência de Sarney no posto.
Censura?
A Agência Senado chegou a publicar reportagem sobre a manifestação, com foto estampando os estudantes lado a lado, de maneira que as camisetas formassem a frase “FORA ARNEY” – embora sem o “S”, a mensagem foi devidamente transmitida. Curiosamente, instantes depois da publicação, a matéria foi retirada do ar, bem como foram excluídas as fotos registradas no banco de “imagens do dia”.
Um dos diretores da Secretaria de Comunicação Social (SECS) disse ao Congresso em Foco que estava em reunião no momento em que o material havia sido publicado. E que iria averiguar o porquê das exclusões.
Depois da publicação desta matéria, a foto voltou a constar do banco de dados da Agência Senado, por volta das 19h, bem como a reportagem sobre a manifestação. O mesmo diretor retornou o contato da reportagem para explicar que o material foi retirado do ar para avaliação.
“Em momentos de crise, a gente toma muito cuidado [com o material veiculado]”, explicou o diretor da SECS, acrescentando que a precaução serve como forma de “evitar constrangimento”.
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