Os navios já deveriam ter sido entregues desde o ano passado, mas o estaleiro não cumpriu os prazos. Nem o ministério da Defesa nem o comando da Marinha sabem como ou quando os equipamentos estarão prontos. “Com vistas a preservar os interesses da União, a Força ainda está estudando uma solução definitiva para o prosseguimento da construção dos navios, que será em função das ações a serem tomadas pelo estaleiro em decorrência da presente paralisação de suas atividades e dos compromissos estabelecidos nos documentos contratuais vigentes”, diz, em nota, a Marinha.
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Desde 2009, data do contrato original, a Força antecipou à Eisa R$ 91 milhões do orçamento de R$ 260 milhões previstos nos contratos, mas não recebeu qualquer equipamento. As embarcações são equipadas com canhões e metralhadoras, equipamentos eletrônicos sofisticados, além de motores especiais para percorrer com rapidez a costa brasileira. Cada navio leva uma guarnição com cerca de 50 homens e é utilizado no policiamento das áreas de exploração de petróleo na camada do pré-sal, além de manter longe os pesqueiros estrangeiros.
Conexão PDVSA
O estaleiro é controlado pela holding Synergy Shipyards, representado no Brasil pelo empresário German Efromovich, que também controla o estaleiro Mauá, em Niterói, e a companhia aérea Avianca. Na mensagem aos funcionários, a empresa diz que o corte de pessoal é consequência dos impactos da recessão econômica e da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que paralisou as atividades da indústria naval e de offshore. A PF descobriu indícios de crimes em contratos de vários estaleiros com a Petrobras e Transpetro.
Os problemas do estaleiro Eisa começaram na década passada, quando a estatal venezuelana PDVSA deixou de honrar o pagamento referente à encomenda de dez navios, num negócio de US$ 1 bilhão. E foram agravados por cancelamentos de encomendas pela Petrobras em razão das investigações sobre corrupção na estatal. A unidade do Eisa em Coruripe, sul de Alagoas, também anunciou que deu entrada em processo de recuperação judicial que também engloba as atividades na subsidiária Eisa Petro 1, criada para construir os navios da Petrobras.
“A diretoria das empresas, respaldada pelos acionistas, tomou esta decisão difícil, porém, racional, com objetivo de preservar os estaleiros e permitir que suas atividades sejam retomadas em breve, após entendimento com seus clientes, fornecedores e demais credores”, diz a nota da empresa.
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