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Para Erundina, o gesto de Lula é grave porque, ao emprestar seu prestígio ao aparecer ao lado de Maluf, Lula “higieniza o malufismo”. Foi, na avaliação de Erundina, um gesto medido de Maluf: exigir a foto com Lula como forma de se reiventar politicamente. O problema é que, para Erundina, não há como lustrar a biografia de Maluf.
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“Ele sempre foi uma figura central na política de São Paulo. Uma das forças mais retrógradas, reacionárias e perversas que esse país já teve em sua história política. Ele quer se valer dessa aproximação para aparecer com uma outra imagem que não a daquele que está sendo procurado pela Interpol. Ele se higieniza do lado de forças que não têm nada a ver com o malufismo. com o outro lado. Só quem ganha nisso é ele”, criticou Erundina. Para ela, o que é mais preocupante é o fato de que Maluf poderá exigir espaços na administração pública de São Paulo, caso Haddad seja eleito. “O malefício maior de ter o Maluf na campanha é que ele vai querer ter espaço no governo”, disse.
Óleo e água
A razão da desistência foi o acordo feito pelo ex-presidente Lula para obter o apoio do deputado Paulo Maluf (PP-SP), de olho no capital eleitoral do ex-governador paulista e no tempo de rádio e TV que a aliança propicia durante a campanha eleitoral. A decisão da cúpula do PSB foi anunciada ontem, depois de uma reunião realizada na Fundação João Mangabeira, sede do partido em Brasília, entre Erundina, o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e o vice-presidente da legenda, Roberto Amaral.
“Eu e o Maluf somos como óleo e água. E isso não é uma questão pessoal, é política.[…] Não dá para conviver com essa pessoa, muito menos fazer política com ele”, disparou Erundina.
A deputada evitou críticas diretas a Lula, mas mostrou a irritação sobre a forma como a aliança foi formalizada. “Só se vai à casa de outra pessoa quando se tem intimidade e respeito. Não acho que o ex-presidente Lula tenha respeito pelo Maluf, e vice-versa”, disse. Na segunda-feira (18), Lula e Haddad posaram para fotos e câmeras de TV com Maluf nos jardins da casa do deputado em São Paulo, em ato extra-oficial de formalização da aliança. A deputada insinuou ainda, que Lula já deve ter se arrependido da decisão. “O Lula é sensível, é intuitivo. Ele, a essas alturas, já deve ter percebido o fora que deu”, disse a deputada.
Erundina criticou ainda o objetivo da aliança com o PP, para ganhar mais tempo de campanha na TV e no rádio e condenou o que chamou de “prática eleitoral da supervalorização da mídia”. “Não concordo [com a aliança]. Acho importante o tempo de televisão, não ao ponto de sacrificar a imagem, a história e os princípios […] Isso é ruim na política, não se pode passar para a juventude que a política é um jogo de interesses, é uma troca de interesses. É desqualificar o povo, que é a fonte do poder, com práticas fisiológicas, oportunistas e interesseiras”, afirmou a deputada federal.
Erundina disse ainda que sua desistência, “de forma alguma” dá munições para a oposição. A deputada garantiu que fará campanha para Haddad, pois, caso contrário, beneficiaria o PSDB. Para ela, a oposição não pode se vangloriar do fato ocorrido, porque os tucanos só não selaram um acorco com Maluf porque não aceitaram pagar o preço exigido, que seria a Secretaria de Habitação do Estado de São Paulo.
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