Dos 19 deputados escalados para relatar os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), 14 tiveram empreiteiras como principais financiadores de campanha, como destaca a edição de hoje da Folha de São Paulo.
Os nomes dos relatores foram decididos pelo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que disse ter feito a escolha levando em conta “afinidade ou expeiência”.
As obras de infra-estrutura do PAC são cobiçadas pelas empresas de construção civil, que já colocaram lobistas na Câmara para tentar conseguir vantagens junto aos parlamentares.
Entre os que receberam recursos de empresas ligadas ao setor que devem relatar, o jornal cita o exemplo do deputado Milton Monti (PR-SP), encarregado do relatório da medida provisória que trata da liberação de crédito para o Ministério dos Transportes. Além do ministério estar na cota do PR (ex-PL), Monti recebeu R$ 200 mil da Companhia de Navegação da Amazônia, que atua na área de navegação de carga; R$ 50 mil da Egesa, construtora de rodovias e ferrovias; e R$ 25 mil da empreiteira carioca Christiani Nielsen, ligada à concessionária de rodovias.
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"Se for analisar por esse ângulo, poucas pessoas vão poder relatar. Meu caso é relativizado: a escolha foi feita com transparência entre o presidente da Câmara e o líder do PR", disse o deputado à Folha.
Jaime Martins (PR-MG) é outro parlamentar citado na matéria. Ele será responsável por analisar a MP de liquidação da Rede Ferroviária Federal, mas, de acordo com a prestação de contas fornecida ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sua campanha teve R$ 100 mil financiados pela Fidens, empresa que atua na construção de rodovias e ferrovias; e recebeu R$ 200 mil da construtora Santa Bárbara, responsável por um complexo ferroviário em Divinópolis (MG).
Os deputados Armando Monteiro Neto (PTB-CE), Átila Lins (PMDB-AM), Jilmar Tatto (PT-SP), Odair Cunha (PT-MG), Fernando de Fabinho (PFL-BA), José Pimentel (PT-CE), Roberto Santiago (PV-SP), Márcio Reinaldo (PP-MG), Tadeu Filippeli (PMDB-DF), Vignatti (PT-SC) e Ciro Gomes (PSB-CE) também aparecem entre os relatores que tiveram campanhas financiadas por empresas ligadas ao setor envolvido diretamente com o tema de suas relatorias.
Não foram encontradas relações entre os financiadores e o tema que será relatado por apenas cinco deputados: Júlio Delgado (PSB-MG), Nelson Meurer (PP-PR), Max Rosenmann (PMDB-PR), Dagoberto (PDT-MS) e João Maia (PR-RN).
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