O ano de 2007 parece ainda não ter acabado para o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Entre maio e novembro daquele ano, ele agonizou na cadeira da presidência do Senado. Abatido por uma série de denúncias, como a de que recorria a um lobista de uma empreiteira para pagar pensão a uma jornalista com quem tivera uma filha, Renan escapou duas vezes da cassação em plenário. Renunciou à presidência da Casa em troca da preservação do mandato. Ao todo, foram seis representações no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar.
Por tradição, cabe à maior bancada do Senado eleger o novo presidente da Casa. Não há nada que impeça o lançamento de outros nomes, como já ocorreu em outros anos. Mas, até agora, ninguém se contrapôs à candidatura silenciosa de Renan. Além disso, o peemedebista tem procurado costurar apoios dentro da bancada para neutralizar possíveis adversários. Ofereceu cargos a Luiz Henrique (PMDB-SC) e Waldemir Moka (PMDB-MS), como a presidência da Comissão Mista do Orçamento (CMO) e da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
A origem do pagamento das despesas e a autenticidade dos documentos apresentados pelo senador, em sua defesa, ainda são alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas, até hoje, a Procuradoria-Geral da República ainda não pediu a reautuação do inquérito em ação penal, ou seja, a abertura de processo judicial. Após um período de total discrição, Renan não só se reelegeu em 2010, como ajudou a derrotar a senadora Heloísa Helena (Psol), sua conterrânea e uma de suas principais algozes de 2007.
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No ano passado, ele assumiu a liderança do PMDB na Casa. Ocupou assento na Comissão de Ética e acompanhou de perto a cassação de Demóstenes Torres (GO), um de seus maiores opositores na crise que quase lhe custou o mandato. Também teve intensa participação nos bastidores da CPI do Cachoeira, que acabou sem pedir indiciamento de nenhum dos investigados. Tudo longe dos holofotes.
A três semanas da eleição para a presidência do Senado, o peemedebista ainda não anunciou sua candidatura, o que só deve fazer na véspera. Tudo para evitar desgaste. O silêncio parece contagiar até seus adversários. Ao contrário da Câmara, onde quatro candidaturas já foram lançadas, no Senado, ninguém se apresentou ainda. Senadores que empunham a bandeira da ética e da transparência cogitam lançar um nome para fazer contraponto ao de Renan. Mas nenhuma decisão foi tomada ainda.
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