Apesar dos recentes conflitos entre pefelistas e tucanos, o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, formalizou ontem, em Brasília, a chapa com o senador José Jorge (PFL) para a disputa presidencial deste ano. A solenidade foi marcada pela ausência de figuras importantes dos dois partidos como o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), o ex-prefeito de São Paulo José Serra (PSDB), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o prefeito do Rio, César Maia (PFL).
Quem apareceu, deixou claro que a chapa formada vai partir firme para o ataque ao presidente Lula durante a campanha. Alckmin acusou o governo Lula de impor ao país um “período de trevas” e aparelhar o Estado ao reservar 12 ministérios a “derrotados” nas eleições de 2002. “É o governo da turminha.”
O tucano disse ainda que o governo Lula “andou para trás nos aspectos éticos” e fez toda “esta lambança que estamos vendo”. “No aspecto ético, fomos para o período das trevas, é lambança para todo lado. Há um erro de origem: é o poder pelo poder, e os fins não justificam os meios, até porque, no caso deles, nem fim nobre existe, é simplesmente a luta pelo poder”, afirmou.
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Anfitrião do evento, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, abriu o encontro defendendo a revisão de um “equívoco”, a eleição de “um operário que traiu sua classe, o moralista que presidiu o governo mais corrupto da história”.
O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), ironizou a versão do presidente Lula de que não tinha conhecimento do esquema de corrupção no governo. “Estamos lançando uma chapa de homens que assumem suas responsabilidades, que têm caráter. Quando alguém disser que está acontecendo algo no seu governo, eles não dirão que não sabiam, que não tinham nada com isso”, disse. Ele aproveitou para brincar com os candidatos da chapa PSDB-PFL. “Tanto Alckmin quanto José Jorge não são nenhum Brad Pitt, mas são homens de caráter.”
Cerca de cem parlamentares participaram do ato. Único governador presente, o tucano Simão Jatene (PA) admitiu ter sentado à mesa por acaso, já que sua ida a Brasília tinha outra finalidade. “Não acho que a presença de governadores aqui signifique alguma coisa. Acho que deve ter havido um problema de comunicação, porque soube (do ato) já aqui.” O coordenador da campanha, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), disse que prefeitos e governadores não foram convidados para o evento.
Tucano sugere psiquiatra a César Maia
Líderes do PSDB ironizaram ontem os novos ataques do prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL), à coordenação da campanha presidencial do tucano Geraldo Alckmin. O vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman (SP), disse que esse “é um tipo de problema que se resolve só com psiquiatra”. O alvo do pefelista desta vez foi o que ele classificou como um gesto de deselegância de Alckmin em viagem a Pernambuco.
Maia criticou o fato de o candidato ter posado para fotos ao lado do ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e com o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), descartando os líderes locais do PFL, inclusive seu vice, o senador José Jorge (PE).
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), ironizou a preocupação de Maia. “Ele agora deve estar mais tranqüilo porque Alckmin tirou muita foto hoje com o PFL (durante a oficialização da aliança)”, alfinetou.
Essa foi a segunda crítica pública de Maia à campanha nesta semana, o que quebrou um acordo que ele fez com a direção do seu partido para não expor mais as divergências entre as duas legendas.
Goldman ressaltou que as afirmações de Maia não afetarão a campanha de Alckmin porque “não fazem a mínima diferença, não balançam as folhas do coqueiro”, alfinetou. “A estrutura da campanha já está formada e o que ele diz não mexe com o objetivo que é eleger o Alckmin.”
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) recomendou ao colega de partido que cesse com as críticas. “Como dizem que eu também falo muito, não tenho autoridade para reclamar dele, mas acho que está na hora de falar menos”, disse.
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