A CPI dos Correios divulgou um relatório parcial nesta quinta-feira em que desmonta a versão de que empréstimos teriam alimentado o caixa dois do PT, como sustentam o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares.
Segundo o sub-relator de movimentação financeira da CPI, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), os empréstimos feitos nos bancos BMG e Rural, de fato, foram registrados. Porém, o dinheiro não saiu dos cofres das duas instituições. A operação, afirma o sub-relator, foi uma forma de encobrir repasses feitos irregularmente para o PT.
“Como foi demonstrado no presente relatório, a natureza daquelas operações (os empréstimos) guarda apenas uma frágil relação com a aparência que se lhes tentou conferir. Francamente, não é de empréstimo que se trata”, explicou Fruet. O próximo passo da CPI é pedir o indiciamento de Valério e Delúbio por crimes de lavagem de dinheiro, improbidade administrativa e falsidade ideológica.
O parlamentar disse também que os documentos contábeis dos empréstimos mostram a falsidade das operações de crédito. “Essa incompatibilidade se manifesta na ação de todos os envolvidos (Delúbio e Valério).”
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Na apuração feita pela CPI, o sub-relator chegou à conclusão de que coube a Delúbio fazer a aproximação entre Valério e o Planalto. Esse trabalho garantiu ao empresário, na opinião da CPI, livre trânsito junto ao governo e às instituições bancárias.
“O senhor Delúbio Soares é o executor principal dos forjados contratos de empréstimo destinados a reforçar o caixa do PT”, diz o relatório. “O atual estágio das investigações permite entrever que, das pessoas apontadas no curso dos trabalhos, os senhores Marcos Valério e Delúbio Soares agiram de forma lesiva aos interesses nacionais, além, é claro, de ilícitos penais.”
Rands pede vistas
O deputado Maurício Rands (PT-PE) já anunciou que vai pedir vistas do relatório de Gustavo Fruet. A medida vai impedir a votação do parecer por duas sessões do Plenário da Câmara. Segundo Rands, a CPI teria dados para apresentar um documento mais completo.
Rands alega que o sub-relator concentrou-se apenas no período de 2003 a 2004 e nos erros cometidos por setores do PT, enquanto o valerioduto já estaria em funcionamento desde 1998, com o envolvimento do PSDB de Minas Gerais na arrecadação de fundos para a campanha de reeleição do senador Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas Gerais.
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