Mário Coelho
Desde que foi preso, o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (sem partido) sempre reclamou, por seus advogados, que não tinha tido oportunidade de se defender. Hoje (29), a oportunidade foi dada a Arruda, ao prestar depoimento na Superintendência da Polícia Federal sobre seu envolvimento nos casos denunciados pela Operação Caixa de Pandora. Arruda, porém, dispensou a oportunidade: resolveu permanecer calado durante todo o depoimento.
Segundo Nélio Machado, um dos advogados de Arruda, ele só vai se pronunciar após ter acesso ao inquérito 650DF na íntegra. Antes dele, o ex-secretário de Comunicação do GDF Wellington Moraes, também se recusou a responder aos questionamentos feitos pela PF.
Leia a íntegra do inquérito da Operação Caixa de Pandora, ao qual Arruda diz não ter tido acesso
De acordo com Nélio Machado, uma petição foi apresentada hoje à tarde ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) explicando as razões do silêncio de Arruda. Um dos principais pontos da defesa do ex-governador é que ele não foi ouvido pela PF e pelo Ministério Público Federal (MPF) durante as investigações no inquérito. Além de ser investigado pelo esquema de propina conhecido como mensalão do Arruda, ele também enfrenta outros dois inquéritos: um sobre o suborno de uma testemunha do mensalão e o outro sobre a faslificação de notas fiscais entregues ao STJ como provas da defesa.
“Eu apresentei uma petição assinada pelo governador onde apresentávamos os motivos para ele não depor. Na medida em que duas denúncias foram apresentadas sem que ele fosse ouvido, se ele falar ou não falar não interfere na acusação. O governador fez questão de declinar. Ele gostaria de falar, chegou a falar algumas coisas, mas eu reiterei a minha orientação firme, absolutamente sem transigência que não abro mão da legalidade. É como se um médico submetesse alguém a uma cirurgia sem os exames”, disse Nélio Machado aos jornalistas na saída da PF.
Também calado
Antes, Wellington Moraes adotou a mesma estratégia. Ele permaneceu calado durante o depoimento, realizado no Complexo Penitenciário da Papuda. Moraes está preso por determinação do STJ, junto com o Arruda e outras quatro pessoas, por conta da tentativa de suborno do jornalista Edmílson Edson dos Santos, o Sombra, uma das testemunhas do mensalão do Arruda. Sombra foi o principal articulador da ida de Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do GDF e delator do esquema, ao Ministério Público dar depoimento e apresentar gravações em áudio e vídeo implicando uma série de autoridados brasilienses.
Além de Arruda e Moraes, foram convocados e devem prestar depoimento nesta segunda-feira os ex-secretários de Educação José Luiz Valente, da Casa Civil José Geraldo Maciel, o ex-assessor de imprensa Omézio Pontes, e Luiz França, ex-subsecretário de Justiça e Cidadania). A Polícia Federal também espera os esclarecimentos dos empresários José Abdon, da AB Produções, e Alcyr Colaço, do Jornal Tribuna do Brasil, que aparece colocando dinheiro na cueca. A intenção da corporação é ouvir 42 pessoas até quinta-feira (1º), para atender solicitação do MPF para acelerar as investigações.
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