Rudolfo Lago
O ano de 2010 termina e a oposição ainda não conseguiu digerir a derrota que sofreu, com a eleição da candidata do PT Dilma Rousseff, a nova presidente eleita do Brasil. Desorientados, desarvorados, divididos, os oposicionistas ainda não conseguiram chegar a uma conclusão sobre como sobreviverão por prováveis mais oito anos (seguramente, por quatro anos) fora do poder. No início de 2010, o candidato oposicionista à Presidência, o tucano José Serra, tinha absoluta certeza de que venceria as eleições e que, encerrada a era Lula, se encerraria também o tempo do PT no poder.
Provavelmente, diante dos altos índices de intenção de voto que as pesquisas lhe reservavam no início do ano, Serra e seus companheiros não leram os jornais de janeiro de 2010 com atenção. A ressaca do reveillon deve ter deixado passar o recado que uma pesquisa do Instituto Datafolha publicava já no primeiro dia do novo ano. A pesquisa revelava que o presidente Lula era “o brasileiro mais confiável”. Diante de uma lista com os nomes de 27 personalidades brasileiras – do padre Marcelo Rossi ao apresentador do Jornal Nacional William Bonner, do cantor Roberto Carlos ao compositor Chico Buarque -, deu Lula na cabeça. Os entrevistados podiam dar a cada personalidade uma nota de zero a dez como índice de confiança. A nota média do presidente foi 7,9.
Ora, se Lula era o brasileiro mais confiável, não era algo tão improvável que os eleitores confiassem e seguissem a sua escolha para presidente da República. Foi o que deu.
Lula é o brasileiro mais confiável, aponta Datafolha
Confiável, Lula também estreava o ano como protagonista de filme no cinema.
Filme sobre Lula estreia hoje em todo o país
As chuvas, porém, castigavam o Rio de Janeiro. Atrapalharam as festas de fim de ano em Angra dos Reis, um dos mais famosos balneários do país.
Deslizamento provoca 15 mortes em Angra dos Reis
Sobe para 61 o número de mortos após desastre no Estado do Rio
Já no começo de janeiro, os líderes admitiam que a produtividade legislativa do ano seria baixa, como consequência da campanha eleitoral. De fato, foi o que se verificou. O que coroou o ano legislativo acabou sendo um projeto de iniciativa popular, ao qual ninguém inicialmente dava o menor crédito: a Lei da Ficha Limpa
Congresso terá baixa produtividade em 2010, admitem líderes
A farra das passagens aéreas, revelada pelo Congresso em Foco em 2009 ainda tinha desdobramentos. Uma comissão de sindicância da Câmara encontrou indícios para processar 45 servidores por suposto comércio ilegal de passagens aéreas destinadas aos deputados dos gabinetes em que trabalham. O caso ainda se desenrola sem conclusão no Parlamento. Nenhum deputado foi punido ou mesmo indiciado por conta da farra das passagens.
Servidores indiciados por passagens são de 39 gabinetes
Exclusivo: a lista da máfia das passagens
Leia cada um dos 45 casos investigados
Levantamento do Congresso em Foco revela que os senadores gastaram nada menos que 156 mil litros de gasolina usando a verba indenizatória em 2009. Daria para cruzar a Terra 115 vezes.
Eles cruzaram 115 vezes a Terra. E você pagou
Brasília estava sacudida pelo escândalo do Mensalão do Arruda. Vencedor do Prêmio Congresso em Foco, o senador Cristovam Buarque, em entrevista à TV Congresso em Foco, lamentava o fato de a imagem de Brasília ter ficado associada ao terrível episódio de corrupção. Para Cristovam, tal associação era uma injustiça. Enquanto isso, a situação do governador José Roberto Arruda ia se tornando insustentável. No dia 13 de dezembro, numa cerimônia ao lado do presidente Lula, Arruda é vaiado. No dia 14 de dezembro, faz um discurso em que pede “desculpas” pelos pecados cometidos.
Brasilienses ficam associados ao escândalo do mensalão
Arruda é vaiado no Itamaraty
Arruda pede “desculpas” pelos pecados cometidos
Vídeos contra Arruda se espalham na internet
No dia 5 de janeiro, morria o ex-deputado e coronel Erasmo Dias, um dos principais representantes da chamada linha dura da ditadura militar.
No Haiti, um terremoto fortíssimo destroi completamente a capital do país, Porto Príncipe. Zilda Arns, a coordenadora da Pastoral da Criança, irmã do arcebispo emérito de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, e tia do senador Flávio Arns (PSDB-PR), é uma das vítimas.
Zilda Arns morre em terremoto no Haiti
Veja a retrospectiva de todo o ano de 2010
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