Fábio Góis
O deputado José Edmar (PR-DF), em greve de fome nas dependências da Câmara desde segunda-feira (20), foi solenemente ignorado por seus pares nesta quarta-feira (22). E passou mal.
Em meio à intensa repercussão sobre o uso de passagens aéreas por deputados e senadores, noticiário suscitado com uma série de reportagens exclusivas deste site (leia tudo aqui), nenhum deputado deu atenção à causa do colega: a tramitação de projeto de autoria de Edmar que cria o Imposto Único Federal, em substituição ao Imposto de Renda e ao Imposto sobre Produtos Industrializados.
Resultado: o deputado passou mal, no que foi prontamente atendido pelo serviço médico da Câmara. Tomou soro, fez exames de rotina, e retornou à greve de fome. Ele garante estar desde o dia 20 se alimentando apenas de água, e dormindo em uma sala com sofás, junto ao plenário da Casa.
Além de pedir rapidez na análise de seu projeto (Proposta de Emenda à Constituição 296/08), Edmar queria atenção da mídia e dos pares para o que considera “injustiça”.
Preso pela Polícia Federal, em 2003, quando era deputado distrital, sob acusação de grilagem (venda irregular de terras), formação de quadrilha e outros crimes, Edmar acusa a Justiça de não pôr seu caso em julgamento, submetendo-o a um “sofrimento” comparável ao de Tiradentes, o mártir da Inconfidência – e no qual o deputado diz ter se inspirado. Junto com o aniversário de Brasília, a morte de Tiradentes foi lembrada nesta terça-feira (21).
Na última segunda-feira (20), o deputado disse ao Congresso em Foco (leia) que permaneceria em jejum até que recebesse do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), uma confirmação de que seu projeto de imposto único fosse levado a plenário. Parada na Comissão de Constituição e Justiça, onde aguarda aval de admissibilidade e constitucionalidade, a matéria seria submetida à apreciação de um colegiado especial antes da votação em plenário.
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