Em entrevista publicada na edição desta semana da revista IstoÉ, o dono da Gautama, Zuleido Veras, acusado de chefiar o esquema de fraude em obras e licitações públicas desmontado pela Operação Navalha da Polícia Federal, afirma: "Sou só um peixe pequeno, um lambari". E completa: "Um grampo sempre permite interpretações. Nenhum empresário, mesmo fazendo coisa certa, resistiria a tanto tempo de grampo".
Para Zuleido, sua prisão e a de outros diretores da Gautama foi uma "injustiça". "Nosso modo de agir sempre foi o tradicional e hoje faturamos R$ 150 milhões por ano. É pouco".
O empresário nega que tenha comprado políticos como o ex-ministro das Minas e Energio Silas Rondeau e sentencia: "Um político não faz você ganhar uma obra". Segundo ele, é comum que homens públicos tentem "demonstrar uma influência maior do que eles têm, tanto para o empresário como para a população".
Na versão de Zuleido, a ida de Fátima Palmeira, diretora da Gautama, ao Ministério das Minas e Energia tinha como objetivo conseguir mais dinheiro para uma obra em Urucu (AM) em que a Gautama estava tendo prejuízo e não entregar R$ 100 mil a Silas, como acredita da PF.
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"Nós estávamos tendo prejuízo com uma obra em Urucu (AM), para o seu sistema viário, e a Fátima foi falar com o Ivo Almeida Costa, o assessor do Silas, para levar o nosso pleito de R$ 17 milhões. A obra estava com prejuízo de R$ 7 milhões e a Fátima foi tentar resolver. Era uma coisa normal, de rotina. O envelope continha o dossiê que demonstrava nosso prejuízo", conta.
Zuleido nega conhecer o governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), e afirma que não deu R$ 240 mil a ele por intermédio de dois sobrinhos, como acusa a Polícia Federal. Garante, ainda, que nunca conversou com Jaques Wagner (PT), governador da Bahia, ou com a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef – eles tomaram emprestada a lancha do empresário.
O dono da Gautama também diz jamais ter visto a lista, apreendida pela PF, com o nome de políticos supostamente beneficiados pelo esquema de corrupção comandado por ele. De todos os acusados, admite ter relações próximas apenas com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com o governador de Alagoas, Teotônio Vilela (PSDB).
Questionado sobre a possibilidade de o Tribunal de Contas da União declarar a Gautama uma empresa inidônea, ele sentencia: "Isso significaria a morte da empresa e o fim de três mil empregos. E seria também uma grande injustiça. Todas as nossas obras, além de ganhas em licitação, estão sendo executadas no prazo. Já fizemos 60 obras, em 12 anos, e apenas cinco tiveram restrições no TCU. Existem empreiteiras que têm mais de 100 obras com ressalvas no Tribunal". (Carol Ferrare)
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