Mário Coelho
A pré-candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, defendeu neste sábado (12) a execução de uma reforma política no país. Em discurso no fim da Convenção Nacional do PMDB, após os peemedebistas fecharem com os petistas a chapa nacional, ela disse que a proposta deve partir do governo, já que os dois partidos têm, em seus programas de campanha, a previsão de mudanças no atual sistema político brasileiro. “Faremos a reforma política. Nós queremos uma melhoria nas instituições públicas”, afirmou Dilma em discurso. O PMDB, por ampla maioria dos votos, descartou a candidatura própria e definiu o deputado Michel Temer (SP) como candidato a vice-presidente.
Para Dilma, uma das principais discussões sobre a reforma política é o financiamento público de campanha. Sem isso, na visão da petista, não é possível ter igualdade na disputa eleitoral. “Nós vamos aperfeiçoar todas as instituições, melhorar a relação entre as instituições”, disse. A pré-candidata do PT, que será oficializada amanhã na convenção nacional do partido, em Brasília, fez um discurso voltado para o PMDB, lembrando da participação do partido desde sua criação como MDB, na época da ditadura militar (1964 a 1985). Para reforçar a imagem de estar junto com peemedebistas, Dilma estava vestida de preto e vermelho, as cores do partido (junto com o verde e o amarelo).
“Eu tenho certeza que vocês sabem da alegria que para nós é estar aqui para celebrar essa aliança entre PT e PMDB. A aliança com Temer é um momento importantíssimo da história política do nosso país. Os dois maiores partidos do país e unem num grande momento e numa grande frente pelo Brasil”, afirmou Dilma. Segundo a petista, a experiência das lutas democráticas mostram que a coligação é “muito especial”. “a nossa parceria vem de longe. Vem da resistência democrática, vem do combate à opressão, do tempo em que muitos de nós amargamos o exílio, as prisões, o cárcere”, afirmou Dilma, atenta ao discurso no aparelho de teleprompter.
No discurso, Dilma citou Ulysses Guimarães, e lembrou de sua campanha à presidência da República em 1973. Na época, o então emedebista colocou seu nome na disputa como protesto à ditadura militar. “Ulysses era o anticandidato, em protesto contra a ditadura. Ele levantou o país no verso ‘navegar é preciso'”, recordou. Também citou o senador Pedro Simon (PMDB-RS) e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), como figuras importantes na história do partido e do país. “coube a outro grande peemedebista de conduzir a transição democrática. Foi a democracia que nos trouxe até aqui”, afirmou.
Apesar de citar partes da história política do país como argumento para a aliança entre os dois partidos, PT e PMDB estiveram em lados distintos por boa parte das últimas três décadas. Estiveram juntos durante a campanha das Diretas Já, mas os petistas se recusaram a votar em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral das eleições indiretas de 1985. Quatro anos depois, na primeira disputa direta para presidente da República, em 1989, os petistas vetaram o apoio de Ulysses Guimarães ao candidato Lula no segundo turno contra Fernando Collor de Mello. Pouco antes, o partido decidiu não assinar a Constituição de 1988, cuja Assembleia Constituinte foi comandada por Guimarães. O partido também fez forte oposição ao governo do hoje aliado José Sarney.
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