Mário Coelho
Dois dias depois de sair da prisão, o deputado distrital Geraldo Naves (sem partido, ex-DEM) voltou a afirmar que não participou da tentativa de suborno de uma testemunha do inquérito 650DF, do Superior Tribunal Federal (STJ), que investiga o esquema de propina envolvendo membros do Executivo e do Legislativo local. Além disso, ele inocentou o ex-governador José Roberto Arruda (sem partido) de qualquer participação no caso. Segundo o parlamentar, que assumiu a titularidade do mandato ontem, ele apenas serviu como intermediário entre o jornalista Edmílson Edson dos Santos, o Sombra, e o ex-governador para agilizar a liberação de verba de publicidade para o jornal O Distrital.
Durante o discurso, Naves deixou claro que foi vítima de uma armação feita por Sombra. Segundo ele, foi contactado pelo jornalista para intermediar uma liberação de verba de publicidade para O Distrital. Essa conversa ocorreu, de acordo com o distrital, entre 6 e 8 de janeiro. “Fui procurado, não procurei ninguém. Fui procurado por uma pessoa que disse ‘preciso de ajuda, estou sem acesso ao governador e ao Welligton e eu preciso reaver minha verba de publicidade. Me ajuda pelo amor de Deus'”, disse Naves, fazendo referência ao então secretário de Comunicação do GDF, Welligton Moraes.
O distrital disse que Sombra pediu que falasse a Arruda que “eu gosto dele, tenho como evitar que ele caia, sou grato a tudo que fez”. Novamente, de acordo com o parlamentar, o jornalista pediu que fosse marcado um encontro com o governador. Durante toda a intervenção, Naves destacou que não houve, por nenhuma das partes, a intenção de subornar ou ser subornado. Depois, ao encontrar Arruda, o então governador respondeu da mesma maneira a Sombra. Em um bilhete escrito por Arruda, aparecem frases como “sei que ele tentou evitar”, “quero ajuda”, “sou grato”, “Geraldo está valendo” e “GDF OK”.
Naves disse que, na verdade, o papel continha observações de Arruda. O ex-governador tinha a intenção de jogar as anotações fora, mas o distrital pediu o papel para que pudesse se lembrar do que tinha que falar a Sombra. “Geraldo, diz a ele que eu sei, que eu gosto dele, que sou grato a ele”, lembrou Naves. Segundo o distrital, a situação de bloqueio da verba publicitária estaria resolvida até 15 de janeiro. “Saí de lá e passei na casa do Sombra. Dei o recado do governador, dobrei o papel, coloquei no meu bolso e fui para casa. No dia seguinte, ele me ligou pedindo para levar o bilhete para mostrar a Eliana Pedrosa, que ele queria reforçar o pedido de liberação de verba ao jornal”, disse Naves.
“Por que, de repente, uma simples anotação se transforma em crime?”, questionou Naves. Ele afirmou que não é réu em processo algum. Até o momento, o caso da tentativa de suborno passou de inquérito para ação penal. “Ele foi intimado como testemunha em 15 de janeiro. Como eu poderia saber no dia 6 que ele seria testemunha de alguma coisa?”, afirmou, na tentativa de afastar a hipótese de suborno. “De repente eu vejo uma ordem de prisão pra mim. Não sou réu em processo algum, a denúncia nem aceita foi. Dentro do meu coração eu não carrego rancor, não carrego mágoa. Vou continuar pelos meus votos, é por isso que vou fazer esse esclarecimento”, finalizou.
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