O estado do Rio de Janeiro vive em situação caótica na Segurança Pública. Como resultado, desde fevereiro foi autorizada intervenção federal. Em dez anos, o investimento em segurança pública foi reduzido drasticamente. Em 2007, os gastos foram de R$ 4,35 bilhões, em valores não corrigidos. Naquela época, as despesas de pessoal eram de 46% desse valor, cerca de R$ 2 bilhões, e os investimentos, 1,29% (R$ 56,24 milhões). Já em 2017, as despesas chegaram aos R$ 9,9 bilhões.
A folha de pagamento de 2017 consumiu R$ 8,23 bilhões (83% do total). Os investimentos, por sua vez, fecharam o ano passado com apenas 0,14% (R$ 13,4 milhões), percentual mais baixo da série histórica de dez anos. A informação foi publicada pelo jornal O Globo desta segunda-feira (12).
Apesar do resultado, atualmente, o Rio é o sexto estado do país em gastos per capita no setor. No ano passado, por morador, foram R$ 599,73. No ranking realizado pelo jornal, Minas Gerais é o estado que mais gasta com investimento. A média por morador é de R$ 777. Na outra ponta, como o estado que menos gasta com esse tipo de despesas, está o Maranhão, com R$ 227,00.
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São Paulo ficou em 12º lugar, com R$ 454,00. Apesar de estar abaixo do Rio no tipo de investimento, teve uma taxa de letalidade de 11 mortes para cada 100 mil habitantes em 2016, contra os 37,6 do Rio. Dados levantados pelo O GLOBO, obtidos a partir do Portal de Transparência do Rio, revelam que os gastos com efetivos da PM não param de crescer. A despesa com pessoal mais que quadruplicou: subiu de R$ 2 bilhões, em 2007, para R$ 8,23 bilhões.
Veja abaixo o ranking dos gastos dos estados por habitantes em 2017:
O efetivo da PM antes de começar a série de contratações para as UPPs, a partir de 2010, era de 38 mil homens. Atualmente, a corporação tem 44.276 agentes, 16,5% a mais. No entanto, o deficit de homens, calculado, é de cerca de 15 mil.
Os dados dos gastos per capita foram levantados pelos repórteres Carina Bacelar e Fábio Teixeira, que usaram como base relatórios enviados pelos estados à Secretaria do Tesouro Nacional. o seu limite. Para especialistas ouvidos na reportagem, o modelo de gastos priorizando contratação de pessoal e deixando investimento de lado está exaurido.
Para o diretor do Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (InEAC), da Universidade Federal Fluminense (UFF), Lenin Pires, o aumento dos gastos com pessoal colabora para uma cultura do enfrentamento nas corporações.
Na análise de investimentos que “receberam mais recursos nesses dez anos também permite apontar a prioridade no patrulhamento, e não em soluções tecnológicas, por exemplo. Entre os dez focos de despesas que mais receberam aportes, quatro se referem à aquisição de veículos, totalizando gastos de R$ 828,5 milhões. O viés tecnológico aparece só no 9º lugar da lista: R$ 88,8 milhões para “equipamento e aparelhos de som, imagem e de telecomunicações”. Enquanto isso, R$ 40,6 milhões foram investidos em mobiliário em geral e artigos de decoração, enquanto outros R$ 18,3 milhões foram para aluguéis”, mostra a reportagem.
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