Candidato independente do PMDB à presidência da Câmara – à revelia do próprio partido, que indicou Michel Temer (SP) para concorrer ao posto –, o deputado Osmar Serraglio (PR) divulgou há pouco uma carta aos colegas na qual, além de pedir as centenas de votos dos pares, diz que vai valorizar a categoria e aperfeiçoar o modus operandi legislativo, inclusive com combate ao excesso de medidas provisórias. Um dos lemas de campanha, segundo o texto, é o aumento de número de reeleições.
Em entrevista ao Congresso em Foco, Serraglio disse que uma eventual eleição de Temer – que já presidiu a Câmara em duas ocasiões, entre 1997 e 1999, sendo reeleito para a legislatura seguinte, quando comandou entre 1999 e 2000 – provocaria uma crise institucional na Casa (leia).
Desejando “feliz recesso” na abertura da carta e, no desfecho, pedindo desculpas pelo “incômodo” em plenas férias parlamentares, Serraglio justifica o pedido de voto exortando os colegas de Parlamento a ter “orgulho” de ser deputado. Além de Temer, o deputado paranaense terá como oponentes no pleito os deputados Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Ciro Nogueira (PP-PI). O novo presidente da Câmara toma posse no dia 2 de fevereiro.
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“Cada um tem sua rica biografia. O Brasil irá reconhecê-la. Em cada eleição, mais de 200 deputados não se reelegem. Vamos reduzir isso para menos de 100, como ocorre nos parlamentos do mundo”, diz parágrafo de abertura da carta. Serraglio garante que, uma vez eleito, visitará “seguidamente” os colegas em seus redutos eleitorais, de forma a “prestigiar” e difundir o trabalho deles.
Obama
Serraglio diz ainda que “disciplinará” os procedimentos nas comissões especiais, de forma a agilizar a apreciação de projetos e a evitar conflito de prerrogativas, e exorta os deputados a organizar os trabalhos em nome da produtividade. “Reformas, como a tributária e a política, serão tratadas com a participação de todos, discutindo-se, simultaneamente, em todas as comissões, com dedicação exclusiva”, diz outro trecho da missiva.
Com referência às eleições presidenciais norte-americanas, que resultaram na histórica vitória do negro Barack Obama, o deputado ainda ressalta o papel das cúpulas partidárias na condução dos destinos da Câmara. "A minha candidatura obedece à proporcionalidade, o que significa que não tumultua em nada a divisão que vem sendo realizada", diz Serraglio, referindo-se à dupla candidatura peemedebista. "Sei do empenho de alguns líderes. Mas lembro que, se dependesse da cúpula, Obama não seria presidente."
Para além do texto em si, a elaboração da carta deve ter sido especialmente trabalhosa para os assessores de Serraglio: o cabeçalho é personalizado, em que a linha de atuação e as bandeiras parlamentares de cada um dos destinatários são ressaltadas. Um considerável trabalho de pesquisa, uma vez que são 513 os deputados e suas respectivas trajetórias. (Fábio Góis)
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