As decisões que já foram tomadas no julgamento do mensalão, em curso no Supremo Tribunal Federal desde o início de agosto, sinalizam uma possível mudança na política brasileira. Um novo cenário em que se tornará bem mais arriscada a prática de atos de corrupção pública. A tese foi apresentada em artigo publicado pela revista britânica The Economist desta semana.
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Pela sétima vez, para fazer a sua análise sobre a situação política brasileira, a revista socorreu-se do Congresso em Foco, a quem classifica um “cão de guarda” na fiscalização da aplicação do dinheiro público e no acompanhamento dos fatos no palco das grandes decisões nacionais. The Economist ouviu o repórter do site, Mário Coelho, responsável pela cobertura do mensalão. Segundo Mário, no julgamento até agora, a Suprema Corte já alterou o comportamento que era característico até agora na cultura brasileira, ao resolver não mais poupar políticos e empresários. Para Mário, se a Corte tratar os políticos poderosos, da cúpula do PT, com a mesma dureza com que tratou os empresários e os políticos dos demais partidos envolvidos no esquema de desvio de dinheiro público, o resultado poderá ser o equivalente a “uma revolução”.
Até agora, os onze ministros da Corte já votaram pela condenação de 19 dos 37 réus do mensalão. Dentre eles, o delator do esquema, o ex-deputado e presidente licenciado do PTB, Roberto Jefferson. Já o publicitário Marcos Valério, considerado o operador do esquema, já foi condenado por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e dois peculatos. Ainda falta a decisão sobre os políticos do PT envolvidos no caso, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoíno e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares. Essa análise deveria se iniciar a partir da próxima semana.
Segundo a revista, o julgamento começou desacreditado, tanto que o deputado João Paulo Cunha, já condenado por corrução passiva, lavagem de dinheiro e dois peculato, se candidatou para a prefeitura de Osasco (SP). Depois da sentença, ele desistiu do pleito. O artigo considera ainda que o PT está prejudicado com o julgamento, mas que é cedo para saber quais serão os reais danos. No entanto, há um espaço vago na política para quem quiser levantar a bandeira da ética.
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