Fábio Góis
O Partido dos Trabalhadores realiza neste domingo (22) em todo o país, das 9h às 17h, as eleições que definirão quem dirigirá o partido pelos próximos três anos. O nome do vencedor, bem como dos membros que comporão o novo diretório nacional, pode não ser conhecido neste fim de semana. A hipótese foi levantada pelo deputado federal José Eduardo Cardozo (SP), um dos candidatos à presidência do PT. A única certeza, porém, é a “unidade” em torno da candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sucessão presidencial de 2010.
“Há possibilidade de segundo turno. Não posso afirmar com certeza que vai ter, mas é possível”, disse Cardozo ao Congresso em Foco no final da tarde desta sexta-feira (19). Ele diz que o processo eleitoral transcorre de maneira equilibrada, com os candidatos conscientes da importância da união do partido, em nível nacional, seja qual for o resultado.
Dois candidatos – por coincidência, homônimos – despontam como favoritos no chamado PED (Processo de Eleição Direta) petista. Além de Cardozo, outro José Eduardo, o Dutra, é considerado como favorito. Nome da situação (chapa “Diretório Nacional – O Partido que Muda o Brasil”), Dutra disse à reportagem que “o que tinha de ser feito, foi feito”, e que não ousa fazer qualquer previsão sobre a possibilidade de segundo turno.
“Existem as projeções, que apontam nossa vitória, mas não ouso qualquer previsão. Se o quorum [de filiados votantes] for bom, nós temos mais chance, porque temos o maior bloco. Quanto maior for o quorum, melhor pra gente”, observou Dutra, para quem o PED deste ano foi o mais tranquilo da história do PT. “Os atritos ficaram limitados às disputas locais. Todos os debates foram bastante respeitosos, não teve nenhum acirramento.”
Para Cardozo, os rumos da sucessão presidencial do próximo ano dependem, em boa dose, da unidade em torno da nova diretoria. “Há um sentimento geral em relação a isso. Sem dúvida, a direção que vai ser eleita vai conduzir o processo eleitoral e, quando for conhecido o resultado, seja qual for, acho que todos os candidatos vão estar conscientes da importância de o PT estar unido”, disse o parlamentar paulista.
Mudança e continuidade
Cardozo adiantou à reportagem qual seria seu primeiro ato na hipótese de que seja eleito presidente do partido. “Chamar todo mundo, todos os outros grupos para mostrar a importância dessa unidade”, disse ele. Já Dutra diz que “não tem primeiro ato”.
“A minha candidatura não é uma ruptura com o processo anterior, é de continuidade. O desafio que está colocado pra mim é conduzir o processo da candidatura da ministra Dilma e do projeto do PT de continuar comandando o país”, destacou Dutra, para quem o partido já está fechado, em nível nacional, em torno da candidatura de Dilma Rousseff. Ex-senador por Sergipe e ex-presidente da Petrobras Distribuidora, Dutra diz que percorreu 24 estados brasileiros e, em todos eles, a candidatura Dilma é ponto pacífico nos diretórios estaduais do PT.
“É uma unanimidade. O nome de Dilma hoje é absoluto, é amplamente apoiado pela base do PT. Já está consolidada a candidatura da ministra Dilma”, frisou Dutra, lembrando que 2010 é um “divisor de águas” no PT, uma vez que é a primeira vez que o PED é realizado sem que Lula esteja entre os candidatos à Presidência da República.
Pela chapa “Mensagem ao Partido”, Cardozo utiliza sua atuação parlamentar e o trânsito com as instâncias de poder em Brasília para arregimentar apoio. Entre seus trunfos, Cardozo lembra o “orgulho de ter convivido politicamente” com o presidente Lula.
“Temos de pensar que esse nosso brasileiro veio da classe trabalhadora, venceu preconceitos, venceu inclusive aqueles que diziam que temiam o seu governo pelo fato de ele não ter um curso superior. Venceu aquela visão elitista e absurda daqueles que achavam que uma pessoa que veio da classe trabalhadora nunca poderia ascender ao posto de presidente da República”, diz Cardozo em uma de suas peças na internet.
Dutra aposta na força dos movimentos sociais e das alianças, principalmente com o PMDB, maior partido brasileiro e principal aliado do governo Lula no Congresso. “A continuidade do nosso projeto político em 2010 está vinculada a capacidade de fortalecer um bloco de esquerda e progressista, amparado nos movimentos sociais, intelectuais e todos os setores comprometidos com o projeto de desenvolvimento em curso. Dependerá também da capacidade de agregar forças políticas de centro, principalmente o PMDB”, diz o item 17 da tese da chapa oficial.
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