• A independência do Legislativo tem sido cumprida, ou Severino é um garoto-propaganda do governo?
José Carlos Aleluia (PFL-BA), líder da minoria
Evidente que não tem sido cumprida. Foi negociada a indicação, com o presidente, para um cargo de ministro. Que independência pode haver? Pelo contrario, Severino criou uma dependência com o Executivo. O Congresso nunca esteve tão submisso. Severino não trouxe um componente sequer de independência.
José Múcio Monteiro (PTB-PE)
Os sucessivos escândalos pelos quais fomos – sociedade e Parlamento – vitimados atrapalharam a gestão dele. Mas não somente dele, atrapalharia a de qualquer um que fosse presidente da Câmara. Se ele tivesse tido pulso mais forte… mas não gosto de especular. O melhor papel que interpretamos é o de nós mesmos, e ele não é assim, não tem esse pulso mais forte.
Fernando Gabeira (PV-RJ)
Pelo contrário. Ele empregou filho, conseguiu espaço no Ministério das Cidades, e virou aliado incondicional do presidente.
• Projetos de sua autoria estão tramitando mais rapidamente com Severino?
José Carlos Aleluia (PFL-BA)
A Câmara está parada, por causa dele e da crise.
José Múcio Monteiro (PTB-PE)
Não tem tramitado nenhum projeto. As MPs do governo atrapalharam nosso trabalho.
Fernando Gabeira (PV-RJ)
Não têm tramitado, mas isso não é problema só dele. Na gestão do Severino, surgiram esses problemas no governo federal.
• Qual deve ser o desfecho do caso Severino ?
José Carlos Aleluia (PFL-BA)
É imprevisto. Só espero que o Congresso surja mais forte disso.
José Múcio Monteiro (PTB-PE)
Torço para que este problema se resolva. Esta está sendo uma legislatura muito profícua em denúncias, mas pouco profícua em projetos. Só sei o seguinte: acontecer o que aconteceu com ele é ruim para qualquer um – mais ainda para o presidente da Câmara.
Fernando Gabeira (PV-RJ)
O desfecho será o pedido de cassação a ser feito pelo PV, pelo PPS, pelo PFL…
• A pressão pela saída de Severino feita pelo PFL tem motivação política?*
José Carlos Aleluia (PFL-BA)
O PFL não vai pedir nada. Será parte de uma negociação partidária.
José Múcio Monteiro (PTB-PE)
Primeiro temos de avaliar o que acontecer, depois faremos as denúncias.
Fernando Gabeira (PV-RJ)
Não estivesse eu convicto do que disse, não teria comprado essa briga em Plenário. Ele será presidente da Câmara de ‘São Nunca’.
* O presidente da Câmara só pode deixar o posto e duas hipóteses: renúncia ou quebra de decoro parlamentar. Não há, como ocorre no caso do presidente da República, a figura do afastamento. Em ambos os casos, o vice – no caso o deputado José Thomaz Nono (PFL-AL), só assume para permanecer até o final, se a saída ocorrer após o dia 30 de novembr do segundo ano de mandato – neste caso em 2006. Do contrário, o vice-presidente é obrigado a convocar nova eleição em cinco sessões a partir do afastamento.
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