Dos 19 deputados acusados de terem recebido dinheiro do esquema do empresário Marcos Valério em troca de apoio político ao governo, 12 tentarão se reeleger nas eleições de outubro. Quem conta isso, é a repórter Letícia Sander em reportagem publicada na edição de hoje da Folha de S. Paulo.
O saldo do escândalo do mensalão terminou com a cassação de três deputados e a renúncia de mais quatro. Os que foram cassados Roberto Jefferson (PTB-RJ), José Dirceu (PT-SP) e Pedro Corrêa (PP-PE)não poderão se candidatar a nenhum cargo até 2015.
Na reportagem, diz que os 12 mensaleiros que disputarão as eleições este ano negam temer o desgaste causado pela crise. Adotam o discurso dos “injustiçados” e, os que podem, usam a absolvição em plenário para se desvencilhar do escândalo.
“Isso [a crise] já está superado. Sou deputado há 20 anos, minha base me conhece bem, sabe da seriedade com que trato as coisas e sabe que fui vítima de um processo político”, disse Romeu Queiroz (PTB-MG) à repórter da Folha.
O deputado José Mentor (PT-SP) também nega dificuldades pela vinculação às denúncias. “Vou apresentar aquilo que fiz ao longo do meu mandato”, disse. Assim como Queiroz, Mentor foi absolvido pela Câmara. Nos bastidores, porém, a maioria dos envolvidos no escândalo reconhece que as eleições serão uma espécie de “julgamento derradeiro”.
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O deputado José Borba (PMDB-PR) vive a situação mais delicada. Ontem, apresentou pedido de registro de candidatura na Justiça Eleitoral do Paraná, com parecer favorável do presidente em exercício do PMDB nacional, Wilson Santiago (PB). O diretório estadual tinha fechado a lista de candidatos sem o nome de Borba. Ontem, o diretório recorreu à Justiça. Não havia decisão até o fechamento desta edição.
Acusado de receber R$ 400 mil do empresário Marcos Valério, o ex-deputado Carlos Rodrigues (sem partido-RJ) renunciou para escapar da cassação, mas está fora da disputa. Afastado da Igreja Universal do Reino de Deus, foi preso em maio, suspeito de envolvimento na máfia dos sanguessugas, que vendia ambulâncias superfaturadas a prefeituras.
Embora absolvido pelo plenário da Câmara, o deputado Wanderval Santos (PL-SP) não tentará a reeleição. Acusado de ter “terceirizado” o mandato para a Igreja Universal e de ter enviado um assessor para sacar R$ 150 mil das contas de Valério, acabou afastado da Universal, sua base política.
O pefelista Roberto Brant (MG) não tentará novo mandato porque, segundo assessores, ficou “desiludido” e ainda se sente “injustiçado”. Assim como Santos, Brant foi absolvido pelo plenário da Câmara.
Único dos mensaleiros que ainda não foi julgado pela Casa, o ex-líder do PP na Câmara José Janene (PR) nega que a crise o tenha feito deixar a política. “Fiz uma opção entre a vida pública e a vida”, alega, referindo-se a problemas de saúde. Janene, que sofre de uma cardiopatia grave, é acusado de ter recebido R$ 4,1 milhões de Valério.
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