Em entrevista ao jornalista Ricardo Kotscho, do portal IG, o ex-presidente Fernando Henrique afirma que a elaboração de um dossiê contendo gastos considerados sigilosos do seu governo “apequena” a política brasileira.
Fernando Henrique também destaca que gastos divulgados como sendo particulares dele e de sua esposa, Ruth Cardoso, são gastos do governo. “Aparece lá, como se fosse gasto pessoal meu ou da Ruth o que é gasto dos palácios… Nós estamos apequenando a política brasileira”, afirmou.
FHC lembrou do dossiê elaborado durante as eleições de 2006 para envolver o então candidato ao governo de São Paulo, José Serra (PSDB), com a máfia dos sanguessugas, e classificou como “erros fundamentais” o elevado número de cartões corporativos do atual governo, além da possibilidade de o usuário retirar dinheiro com o cartão.
“Fizeram um dossiê contra a eleição do Serra, um dossiê de cartão corporativo agora. Vamos ver no que vai dar isso. Acho que não vai dar em nada. A minha tese é muito simples: não há gasto secreto nenhum, nunca pensei em gasto secreto, é uma invenção. O que precisa é ter um controle maior dos gastos, criar novos instrumentos. Duas coisas que estão erradas: a difusão dos cartões – me disseram, e eu não sei se é verdade, precisa verificar, que nós tínhamos cento e poucos e agora já são mais de 11 mil – e poder tirar dinheiro à vista. Deveria ser o oposto para deixar registrado o gasto. Esses são os dois erros fundamentais”, afirmou o líder tucano.
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Questionado sobre o que diria ao presidente Lula sobre o episódio do dossiê, FHC respondeu: “Será que você não está vendo o que está acontecendo? Você acha que tem cabimento nós chegarmos a esse grau de mesquinharia, dadas às relações que nós sempre tivemos, que sempre foram boas?”
Coligação PT-PSDB em São Paulo
O ex-presidente avalia ser “difícil” a possibilidade de uma coligação PT-PSDB, como a que foi construída em Minas Gerais pelo governador, Aécio Neves (PSDB), e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT). Para FHC, como os dois partidos são muito fortes em São Paulo, a aliança fica inviabilizada.
“Eu digo isso já há alguns anos: a disputa entre PSDB e PT não é ideológica. Pode ter sido no passado, existem algumas questões, por exemplo, a visão de funcionamento do Estado, da democracia, no PSDB é diferente do que no PT. O PT é mais corporativista, mais aparelhador. Mas não é essa a briga principal nossa. É uma briga de poder apenas, saber quem é que vai mandar. Eles não passaram o tempo todo me acusando de neoliberal para depois fazer exatamente a mesma política que eu estava fazendo que não era neoliberal, nem a minha e nem a do Lula?”, alfinetou. (Rodolfo Torres)
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